Advogados da família sustentam que assassinato foi por intolerância política e aguardam manifestação do Ministério Público sobre o caso.
Centenas de pessoas participaram de ato público na manhã deste domingo, 17, em Foz do Iguaçu, pela memória do dirigente do Partido dos Trabalhadores (PT), Marcelo Arruda. O guarda municipal foi assassinado há uma semana, na própria festa de aniversário, por agente federal da segurança pública bolsonarista que invadiu o evento.
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A atividade ecumênica e plural pediu paz, o fim do ódio político e justiça. O ato, que teve transmissão ao vivo por diversos canais nacionais, via redes sociais, foi organizado por familiares e amigos de Marcelo Arruda, entidades sociais e sindicais locais. Lideranças políticas nacionais, estaduais e municipais compareceram.
A policial civil Pamela Silva, viúva de Marcelo Arruda, destacou que o ato público não teve outro objetivo além de pedir paz e justiça. Ao H2FOZ, disse ser um momento muito difícil para a família, doloroso pela perda, resgatando a trajetória do guarda municipal, que segundo ela era um profissional dedicado e que lutava por ideais coletivos.
“Esse ato é só por paz e por justiça, precisamos mais tolerância às ideias diferentes”, afirmou. “Também demonstra para todos a grandeza, a dimensão do Marcelo, uma pessoa trabalhadora, humilde, alegre e que lutou muito desde criança. Ele fez o melhor enquanto esteve aqui”, completou, citando uma frase do filósofo Mário Sergio Cortella, que Marcelo Arruda tinha entre suas preferências, revelou Pamela.
A pacificação também foi o tom da fala de Hamilton Serighelli durante o ato, representando o Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu (CDHMP). “É importante mostrar que todos queremos a paz neste momento difícil em que o país se encontra. Foz não pode ficar com a imagem de uma cidade intolerante”, pontuou.
Crime por “intolerância política”
Ao lado da viúva, filho e irmãos de Marcelo Arruda, no palco que concentrou as homenagens, um dos advogados da família, Ian Vargas, voltou a defender que o assassinato foi por motivação política. Essa sustentação questiona o inquérito concluído pela Polícia Civil do Paraná, encerrado em quatro dias, que afasta a hipótese política.
“Foi um crime de intolerância política contra Marcelo”, expressou. “Seguimos estudando o caso, à espera das perícias técnicas, como a do celular do autor, e aguardando a manifestação do Ministério Público do Paraná, que tem autonomia para suas conclusões e outras investigações”, explicou Ian Vargas.
O Ministério Público informou que, a partir do recebimento do inquérito policial concluído, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) analisará o processo. O órgão “trabalhará no oferecimento da denúncia, dentro do prazo legal”, pronunciou-se a promotoria.
O crime
Marcelo Arruda comemorava o aniversário de 50 anos com amigos e familiares no último sábado, 9, em um clube social, quando foi assassinado a tiros por um homem que invadiu a sua festa. O atirador fez ofensas e soltou gritos em alusão ao presidente Jair Bolsonaro (PL). O evento particular era decorado com cores, símbolos e imagens do PT e de Lula.
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