Aulas com o Professor Mosquito, underground e canções próprias. O músico José Nilton é protagonista da cena alternativa em Foz, desde a década 1980.
A sonoridade do Queen o fisgou nos primeiros acordes. Veio o Kiss e tantas outras bandas, e a veneração pelo Yes. Iniciaram as aulas de violão com o icônico Professor Mosquito e surgiram os próprios grupos. O músico José Nilton, o Niltinho, é protagonista da cena alternativa em Foz do Iguaçu desde a segunda metade da década 1980.
Assista à entrevista:
No projeto atual, dedica-se à música autoral, que estará nas plataformas para acesso ao público, e forma trio com Zé Luiz e Claudiomiro da Silva, o Claudião, dando novos ares à banda Experience. Niltinho rememorou sua trajetória no underground iguaçuense em entrevista no programa Marco Zero, do H2FOZ e da Rádio Clube FM.
O Marco Zero é um programa conjunto produzido pelo H2FOZ e Rádio Clube FM. Entrevista, opinião, enquete, entretenimento, esporte, cultura e agenda. Todo sábado, das 10h às 12h. Participe do grupo no Whatsapp para receber as novidades. https://bit.ly/3ws5NT0
Multi-instrumentista em percussão e cordas, cantor e compositor desde a adolescência, José Nilton toca violão, guitarra e bateria. “E um pouco de baixo, mas gostaria de aprender teclado”, conta. Seu contato com a música, com o rock, foi aos 15 anos. “O Queen foi o culpado de eu estar na música. Ouvi e fiquei fascinado”, lembra.
“O Queen foi o culpado de eu estar na música. Ouvi e fiquei fascinado.”
Após conhecer outras bandas, pediu aos pais um violão e passou a ter aulas com o musicista João Sampaio, o Professor Mosquito, que faleceu aos 79 anos, em 2008, tendo formado gerações de músicos em Foz do Iguaçu. “Querido, inteligente e paciente ao ensinar. Aprendi muito com ele”, rememora Niltinho.
“Depois, me tornei autodidata e me interessei em formar banda. A primeira foi a Infection, de trash metal, em 1987. Aos 17 anos, estava em cima de um palco lá no Morumbi, no espaço underground chamado Bambu”, resgata o músico. A banda contava com Álvaro Agression e o já falecido Peter Necromancer.
Point da música
Entre o caminho da sua casa e as aulas de música, havia a Pizza D’oro, uma casa de shows nacionais que era um dos points da vida cultural iguaçuense dos anos 1980. Ao lado do espaço, que ficava na esquina da Avenida Jorge Schimmelpfeng com a Rua Marechal Deodoro, estava a casa e o estúdio do amigo Zé Luiz.
“Ali era intenso o movimento, onde tocaram o 14 Bis, os lendários Os Incríveis, Roupa Nova, Erasmo Carlos e vários mais”, destaca. “Aos 15 anos, eu passava por ali para ter aula de violão, e estava rolando uma sonzeira. Comecei a me interessar e a chegar naquele ambiente de música”, narra.
Cenário do metal
Niltinho lembra que um dos primeiros shows grandes de underground em Foz do Iguaçu teve as bandas Vulcano, de Santos (SP), e Epidemic, de Curitiba (PR), essa segunda formada por “garotos-revelação naquela época”, afirma. “O show foi levado para o Jardim São Paulo, e estava cheio de gente, inclusive de outras cidades.”
Na época, era preciso driblar as adversidades. Não havia internet para a comunicação, e os equipamentos eram de difícil acesso. A polícia costumava fechar os shows. “Eram tempos em que a gente não tinha grana para comprar aparelhagem, entrávamos nos ônibus com bateria nas costas. O local de ensaio era precário, com os vizinhos reclamando do som”, retrata.
“Eram tempos em que a gente não tinha grana para comprar aparelhagem, entrávamos nos ônibus com bateria nas costas.”
Quando formou o Infection, Niltinho diz que os integrantes juntaram dinheiro “com muito custo” para divulgar o trabalho e gravar demos, produzidas em fita K7 e distribuídas pelos Correios pelo país. “Hoje em dia tem recursos, estúdios bons e uma galera nova muito boa, que eu gosto mundo”, frisa.
Na entrevista ao Marco Zero, Niltinho aproveita para desfazer um mal-entendido. No álbum de estreia da banda brasileira Sepultura, o Morbid Visions, há agradecimentos a integrantes do underground de Foz do Iguaçu. Na lista, está o nome José Nilton, que não se refere ao músico iguaçuense.
“Vou esclarecer. Aquele José Nilton do LP é o de uma loja de heavy metal do Rio de Janeiro, não sou eu. Mas o Peter, o John Blasphemer e o Kévin, sim, são de Foz do Iguaçu”, explica. “O bom foi colocar metal de Foz do Iguaçu na cena nacional do movimento”, aponta.
Autoral
As músicas próprias são o principal foco da atividade criativa de José Nilton neste momento. A ideia é terminar de produzir um conjunto de canções para distribuição por meio de plataformas na internet. Algumas de suas criações destacam as belezas naturais de Foz do Iguaçu e da fronteira.
“Dá para fazer um livro com as aventuras da Experience na fronteira.”
“Agora, depois de tantos covers, a gente está produzindo músicas autorais”, expõe. “Fizemos o primeiro vídeo, o Visionário 21, vamos passar para Decisão, Página Virada e, depois, Setembro, que será uma música de trabalho. Tudo bem produzidinho, profissional, com a edição do Zé Luiz”, revela.
Banda formada em meados de 1989-1990, a Experience toma parte da atividade musical de Niltinho. “São cerca de 30 anos. Éramos eu, o Zé Luiz e o Miguel. Agora, estamos com o Claudião. Dá para fazer um livro com as aventuras da Experience na fronteira”, sublinha José Nilton.
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