Ela é mãe de onze filhos, mas também é uma filha querida dessa terra, a poetisa das Cataratas, a Sra. Guilhermina Pastorello.
Dizem que a beleza, muitas vezes, está nos olhos de quem vê. Sabendo disso, os poetas tratam de traduzir em palavras o que veem.
Nesse sentido, poucos conseguem ver o mundo de uma forma tão bela como ela…
Filha de holandês com uma alemã, nasceu e viveu no Carimã, entre a plantação e o riacho que passava pela propriedade da família, nos fundos do hotel que leva o nome do bairro.
Apesar das dificuldades, Guilhermina cresceu em uma comunidade unida, alegre, embalada por músicas e artes típicas de imigrantes, que a ajudou a ver o mundo como uma poetisa.
A sua maior diversão era brincar com bonecas feitas de espigas de milho, e pescar nas águas cristalinas do riacho Carimã. Mas, aos 7 anos, ela já ajudava o pai nas lavouras da família.
Nos anos 30, a vida era dura na fronteira.
Aqui, tiveram que aprender a viver com poucos recursos. Seu pai, o Sr. Marten Nieuwenhoff era um exímio marceneiro, mas sem a experiência em como tirar o próprio sustento da terra.
Começaram do zero. Nas terras adquiridas no período da colônia militar, precisaram limpar o terreno, cortar madeira e levantar o rancho.
A primeira colheita de milho foi uma FESTA!
A mãe, a Sra. Joana Nieuwenhoff, fazia doces deliciosos, que vendia para o Sr. Pedro Basso, o seu maior cliente. Além de frutas e verduras, que ela mesma fazia o “delivery” de carroça.
A luta pela sobrevivência era diária…
Tiveram que lidar com o calor, os insetos, as cobras e doenças como a malária. Uma parte da produção era vendida na Argentina, de onde o Sr. Marten voltava com farinha, açúcar e sal.
Como não existia geladeira ou outra forma de conservação, tudo o que produziam precisava ser preparado e armazenado rapidamente, em uma atividade que envolvia toda a família.
Guilhermina dividiu a infância entre a roça e os estudos na Escola Isolada do Carimã. O antigo curtume que virou escola, graças ao apoio das famílias Welter, Colombelli, Boiarski e Weirich.
Anos depois, a jovem Guilhermina voltaria para essa escola, mas desta vez como Professora!
Dona de um coração de fé, ela sabe viver com leveza e alegria. Curtiu altas festas no galpão da família, além do “Oeste Paraná Clube”, que frequentava com sua irmã gêmea, a Rosina.
Era a época dos vestidos godês…
Elas adoravam dançar. Aprenderam com o pai, um músico influente à época. Foi em um baile que conheceu Dirceu Pastorello, com quem se casou e teve onze filhos, mais os de coração.
Porém, o que ela gosta mesmo, é de admirar as majestosas quedas das Cataratas do Iguaçu!
Lembra-se com carinho da primeira vez que as conheceu, tinha 12 anos, em 1946: “Eram três horas em uma carroça, pela antiga estrada de terra que começava na Av. dos Imigrantes”.
São muitas recordações: “A gente se banhava na região do Porto Canoas. Depois, fazíamos piqueniques, churrascos e confraternizações em datas importantes, como o Dia das Mães”.
A sua queda pelas Cataratas está eternizada, em um dos mais belos poemas de sua autoria:
"Já de longe, se ouve o estrondo
dessas águas que caem espumando
Imagina-se a grandeza sem vê-las
tanto mais quanto mais perto chegando
Ao avistá-las, oh! Que surpresa!
são tão estupendas, tão grandiosas
que o ser humano sente-se pequeno
diante das quedas maravilhosas..."
A Dona Guilhermina, assim como as Cataratas, representa a força, a sensibilidade, a coragem, e ao mesmo tempo, a bondade. Ela é como o rio que corta sua amada terra, Foz do Iguaçu.
Um Feliz Dia para todas as Mães do Brasil, são os votos sinceros da família Pastorello!
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