História: trote de bomba ameaçou ‘mandar para os ares’ prefeitura em Foz do Iguaçu

Não sobrou ninguém no prédio, na tarde de abril de 1981, contou o jornal Nosso Tempo; Polícia Federal, Exército e bombeiros foram chamados.

Começo da tarde de 3 de abril de 1981. A secretária atende ao telefone. Na linha, uma voz masculina com voz firme adverte: “Às 15h10 vai explodir uma bomba na prefeitura.” Novo chamado. Ameaça renovada. Correria.

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Assustada, a funcionária leva o teor do telefonema à secretária do prefeito da época, ausente, e a dois de seus ajudantes diretos, o assessor de Relações Públicas e o secretário de Administração. Reunião do primeiro escalão. Mais uma chamada, a mesma voz, o mesmo teor: “Às 15h10, uma bomba vai mandar a prefeitura pelos ares.”

Os agentes públicos deixam o pequeno concílio alvoroçados para avisar à Polícia Federal e ao Batalhão do Exército, e chamar o Corpo de Bombeiros. “A prefeitura foi evacuada. Não ficou um funcionário no prédio.”

Essa foi a reconstituição do fato pelo jornal Nosso Tempo para recontar, passo a passo, os instantes do trote de bomba contra a sede do governo municipal nos anos oitenta. O conteúdo foi veiculado na edição n.º 18, que noticiou os fatos da semana de 8 a 15 de abril de 1981.

No título, a chamada “Ameaçaram explodir a prefeitura” convidou para a leitura da matéria na página 6, com fotos de detalhes do momento inusitado e constrangedor ao poder de turno. Ainda era o tempo dos interventores, a mando dos milicos, na gestão da cidade.

“Seis soldados da guarnição de Foz do Iguaçu vasculharam sala por sala, armário por armário, e nada de bomba”, registrou o jornal a respeito do trabalho da soldadesca, com suave ironia. O semanário era opositor à ditadura civil-militar (1964–1985).

A reportagem do Nosso Tempo ainda fez eco à “rádio peão”, funcionários reunidos na parte dos fundos da prefeitura. “Visivelmente emocionada, uma funcionária do setor de arrecadação comentava: Meu Deus! Será que vai acontecer alguma desgraça?”, reproduziu.

Quinze e dez, marca o relógio

Operando em sintonia fina como engrenagens, às 15h10, nenhum segundo a mais nem a menos, todos correram aos relógios. Isso mesmo, eram esses objetos denominados relógios, pois não havia celulares ou outras parafernálias high tech.

“Qualquer barulho fora do comum era um verdadeiro martírio”, narrou o jornal. Uns suavam frio. “Só pode ser um trote”, antecipou-se o mais otimista. Os bombeiros não encontram traque, sequer bomba. Às 16h, chegaram os policiais federais para entrevistas e levantamentos.

Como o seguro “morreu de velho”, ainda que sem evidências de artefatos, “alguns funcionários estavam tensos, e os secretários acharam por bem encerrar o expediente”, contou o Nosso Tempo. Foi possível subir as escadas do prédio, fechar gavetas e guardar a papelada do expediente.

Ao final, a hipótese que prevaleceu foi a de trote. Outra teoria disse que o objetivo era sensibilizar o comandante do III Exército, general Antonio Ferreira Marques, que visitava Foz do Iguaçu. E havia os que viram como uma antecipação de sinistro real, a fim de explodir “documentos comprometedores para a administração (agonizante)”, fechou a matéria.

Acesse a reportagem do Nosso Tempo sobre a ameça de bomba.

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