Em 20 de dezembro de 1980, a Itaipu Binacional inaugurava o novo terminal turístico para visitação às obras da usina, em Foz do Iguaçu, instituindo a cobrança de ingresso em 500 cruzeiros, moeda da época. A edição n.º 4 do jornal Nosso Tempo apresentava a notícia.
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Retratou o semanário que o espaço ficava no Gresfi, clube militar da cidade, mesmo local do lançamento do serviço. Participaram da cerimônia o general Costa Cavalcanti e seus assessores – licença para a ironia do autor da matéria na época – , além do então interventor do município, coronel Clóvis Cunha Viana, e convidados.
O cruzeiro foi a moeda utilizada no Brasil em diferentes décadas, entre 1942 e 1993. Tendo o referencial dos anos oitenta, seriam necessários muitos cruzeiros para somar R$ 1, dinheiro de hoje, considerando a conversão monetária e a inflação.
Até a criação do novo atrativo pelos militares, os passeios eram gratuitos, feitos com auxílios de veículos da binacional e do consórcio construtor Unicon, com guias turísticos. “Agora as coisas se inverteram. Para pior”, posicionou-se o Nosso Tempo, raro crítico ao regime fardado.
Havia meses que o governo municipal pedia a concessão da exploração turística das obras da hidrelétrica no Rio Paraná. O diretor-geral brasileiro, porém, relutava em atender ao pleito, para não abrir o canteiro de obras para outras instituições além das envolvidas na construção gigante.
“É uma responsabilidade muito grande”, disse Costa Cavalcanti, em seu pronunciamento, no longínquo verão de 1980. “Passei o ano todo refletindo sobre a conveniência de ceder à prefeitura e às empresas privadas essa concessão”, acrescentou, no evento, entendendo, por outro lado, que tal medida poderia integrar Itaipu e comunidade.
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“Preço abusivo”
Analítico, o Nosso Tempo não poupou crítica ao custo da medida instituída pelo general de turno. “Preço abusivo. É mais uma oportunidade aberta a grandes lucros de empresas de turismo e à Codefi [extinta companhia municipal de desenvolvimento]”, ressaltou o impresso.
Para o passeio ao canteiro de obras, o visitante precisava ir até o Gresfi, seguindo ao escritório de atendimento no clube. Pagava a entrada, assistia a um filme explicativo narrado pelo jornalista global Sérgio Chapelin e partia em ônibus ou veículo da Itaipu até o “fantástico panorama feito de concreto e ferro”, expôs o Nosso Tempo.
Leia a reportagem na edição original do Nosso Tempo.
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