Em 1986, ‘rebelião popular’ devido ao transporte coletivo em Foz do Iguaçu

O jornal Nosso Tempo reportou depredações de ônibus e prisões de manifestantes; protestos foram nos bairros, terminal e prefeitura.

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Severa onda de protestos populares contra o caos do transporte coletivo se instalou em Foz do Iguaçu, no ano de 1986. Na época, reportagem do jornal Nosso Tempo contabilizou a depredação de vinte ônibus, dezenas de prisões de manifestantes e até uma morte.

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Assinado pelo então prefeito Dobrandino da Silva, o Decreto n.º 5.426 suspendeu a permissão das empresas Viação Itaipu e Transbalan. O serviço, pela norma, seria operado pela STTC e lrmãos Rafagnin. Liminar da Justiça local revogou a medida.

Agentes públicos denunciaram o que chamaram de “lobby para desestabilizar o sistema de transporte coletivo”. Já a frota circulava sem parar para o embarque de estudantes nem aceitava os passes estudantis da concorrência.

Estudantes se concentraram no terminal para protestar contra as duas empresas que retornaram às linhas por medida judicial. E impediram carros da Itaipu e da Transbalan de ingressarem no espaço; alguns motoristas driblaram o piquete, enfurecendo os jovens.

“As manifestações no terminal resultaram em quase uma dúzia de ônibus depredados”, somou o meio noticioso, mesmo com a presença da Polícia Militar. “Por volta do meio-dia, a PM recebeu ordem de agir com maior vigor, a manifestação foi dispersada e houve algumas prisões. No chão ficaram os cacos de vidro como testemunhas dos acontecimentos”, publicou.

Protesto na prefeitura e bairros

Apesar do forte policiamento, os manifestantes se dirigiram à prefeitura, gritando palavras de ordem contra as duas empresas beneficiadas pela liminar do juiz. Os protestos ganharam corpo em vários bairros da periferia, com apedrejamentos a ônibus.

De forte organização naquele tempo, associações de moradores fizeram passeata pelo centro, passando pelo Fórum e concentrando-se na praça em frente ao Palácio das Cataratas. Ao anoitecer, ônibus foram avariados no Porto Meira, e um foi queimado no Rincão São Francisco, hoje o Morumbi.

A disputa de posições envolveu advogados, políticos, imprensa e até o que foi descrito como um “duelo verbal entre o prefeito e o juiz”, o que “criou um clima de animosidade entre o Fórum e a prefeitura”, reportou. Os ânimos se amainaram. O Tribunal de Justiça manteve a decisão do juiz iguaçuense.

Vida perdida

Durante os protestos populares nos bairros, no Rincão São Francisco foi assassinado o pedreiro Adalgiso Rodrigues, depois de uma discussão comum com ex-funcionário da Viação Itaipu. “A vítima defendia os apedrejamentos de ônibus, quando foi esfaqueada por Sebastião Araújo, conhecido por João Bigode”, narrou o jornal.

Acesse a edição do Nosso Tempo com a reportagem

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