Na edição n.º 45, de março de 1982, o jornal Nosso Tempo rememorou a construção da Ponte Internacional da Amizade, que completara 17 anos na ocasião. A publicação iguaçuense reuniu, na forma de documentário, acervo de fotos e depoimentos de lideranças que demonstraram a importância da via para a integração e o desenvolvimento do Brasil e do Paraguai.
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O empreendimento foi considerado pelo jornal como sendo “magistral obra da engenharia e da arte brasileira. Para a época em que foi concebida (1956), a Ponte da Amizade era um projeto tão arrojado quanto é Itaipu hoje”, anotou a reportagem. A realização, continuou, representou progresso e comodidade aos moradores fronteiriços e visitantes.
O Nosso Tempo foi ao arquivo fotográfico e histórico de Saulo Martinho Brasil para fazer a homenagem. E reproduziu belíssimos registros em imagens, retratando diferentes etapas da construção da Ponte da Amizade, que é símbolo de amizade e cooperação entre brasileiros e paraguaios.
Inaugurada em 27 de março de 1965, a obra completou 59 anos nesta semana, unindo Foz do Iguaçu e Ciudad del Este. Ostentou o título de ter o maior arco de concreto do mundo, com um vão-livre de 70 metros de altura para a passagem de navios. No pico da construção, envolveu o trabalho de mil pessoas.
No documentário, o jornal indicou a beleza cênica da região que foi mantida com a edificação. “É de justiça realçar-lhe sua beleza arquitetônica, tão ajustada à paisagem em que se situa. Suas linhas esbeltas, o grande vão-livre, em arco vazado, a considerável altura do tabuleiro, a flecha do arco, permitiram que nenhum dano sofresse a vista do vale, estreito e de margens alcantiladas. Paisagem e ponte harmonizam-se em um conjunto de sóbria beleza”, escreveu.
Acesse a edição do Nosso Tempo com a reportagem
Ponte da Amizade
Na reportagem do Nosso Tempo, o empresário Antônio Bordin enumerou as vantagens da nova via para os dois países, por ter feito aumentar o intercâmbio turístico e comercial, e as facilidades de transporte. Na época da construção, ele vinha para Foz do Iguaçu porque era inspetor de venda de terras na região, e um filho já morava na cidade.
“Então, acompanhei bem de perto o que significou a construção desta obra”, resgatou. “Foi o primeiro grande impulso que Foz do Iguaçu recebeu. A partir da construção da Ponte da Amizade, o progresso não parou mais. Todo o lugar fronteiriço onde há condições para o intercâmbio, tem progresso”, disse, na época.
O conteúdoretratou a observação de Omar Tosi, que era comerciante. Ele também afirmou que a ponte foi o primeiro grande passo importante dado para o desenvolvimento de Foz do Iguaçu, que segundo ele estava estagnada. “Em 20 anos, praticamente nada de novo surgira em Foz antes da Ponte da Amizade. Novo grande impulso foi dado com a construção da BR-277”, disse.
Ao jornal, declarou lembrar-se que, durante a construção, o comércio aguardava o dia do pagamento dos operários para entrar dinheiro na praça. “O comércio da época aguardava pagamento dos operários da Ponte da Amizade como hoje acontece com Itaipu”, apontou, comparando o reflexo na economia local com o período de construção da usina, em depoimento nos anos oitenta, quando a binacional sendo erguida.
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