
Em uma edição repleta de informações, depoimentos de lideranças e fotografias, o jornal Nosso Tempo registrou a importância da Ponte Internacional da Amizade para o Brasil e o Paraguai. O exemplar é o que circulou em 29 de março de 1982. Assim, na ocasião, a via completou 17 anos.
De acordo com a reportagem, o jornal tratou como “epopeia da construção”. Foi por conta da complexidade do empreendimento e os aspectos geopolíticos. Além disso, a publicação opinou que a Ponte da Amizade foi um projeto tão arrojado para as duas nações quanto a construção da Itaipu Binacional, anos depois.
O impresso situou a concepção e a autorização da obra em 1956, no chamado período do desenvolvimentismo, que tinha como presidente brasileiro Juscelino Kubitschek de Oliveira. As ditaduras latino-americanas já marcavam o país vizinho, em que Alfredo Stroessner era o generalíssimo.
Com o pontapé inicial em 1956, uma comissão técnica foi criada. A obra, sem nome definido naquele momento, foi chefiada pelo engenheiro Almyr França. Mas, só nove anos depois desse marco histórico, a ponte binacional era inaugurada oficialmente. Antes, todavia, houve um ato simbólico em 1961, com a liberação do fluxo de veículos no ano seguinte.
Ponte da Amizade
A solenidade de inauguração da Ponte da Amizade aconteceu em 27 de março de 1965. Teve a presença de Stroessner e do general Castelo Branco – portanto, as ditaduras latino-americanas também estavam impostas no Brasil. Assim, o Nosso Tempo resgatou, em sua edição, a declaração do ministro de Viação e Obras Públicas do Brasil.
“No quadro da geopolítica continental — compreendida esta como política em decorrência dos fatos geográficos e não como instrumento de agressão a serviço de uma ideologia expansionista insensata — a Ponte da Amizade simboliza o final de uma ligação efetiva Assunção-Paranaguá”. Foi o que disse o marechal Juarez Távora.
Sem armas, portanto, o Paraguai tinha seu caminho para o mar, sonho embalado por diferentes mandatários, como Solano López, que foi à guerra contra o Império Brasileiro, no século XIX. A ponte, assim, evitava o “longo descaminho para o sul, em relação aos centros econômicos europeus e norte-americanos, a que força a via fluvial do rio da Prata”, completava o ministro Távora.
Belezas arquitetônica e do entorno
Além disso, a reportagem do jornal iguaçuense reúne detalhes sobre o acidente fatal no começo dos trabalhos da obra da Ponte da Amizade. Enfatizou a capacidade técnica para a realização do empreendimento. E realçou a sua beleza arquitetônica, porque possui sintonia com as paisagens fronteiriças do entorno. O Nosso Tempo expôs:
Suas linhas esbeltas, o grande vão-livre, em arco vazado, a considerável altura do tabuleiro, a flecha do arco, permitiram que nenhum dano sofresse a vista do vale, estreito e de margens alcantiladas. Paisagem e ponte harmonizam-se em um conjunto de sóbria beleza, em que a concepção do engenheiro surgiu como uma imposição das condições topográficas naturais.
Acesse a publicação original sobre a Ponte da Amizade.
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