Dia em que a travessia de barco entre Foz do Iguaçu e Puerto Iguazú foi fechada no Porto Meira

Embarcações eram usadas pela população mais pobre, mesmo com a construção da Ponte Tancredo Neves, anotou o jornal Nosso Tempo em 1988.

Houve um tempo em que a travessia entre Foz do Iguaçu e Puerto Iguazú era feita por meio de embarcações, no Porto Meira, em um vai e vem de turistas, trabalhadores e mercadorias. No dia 1.º de agosto de 1988, esse serviço foi suspenso pela Polícia Federal (PF), instituição que era responsável pelos trâmites e a fiscalização.

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O registro é do jornal Nosso Tempo, na edição n.º 321, de 12 de agosto daquele ano. O semanário informou que o fechamento da passagem fronteiriça pegou de surpresa concessionários e usuários do serviço de lanchas no Rio Iguaçu, entre Brasil e Argentina. A autoridade do país vizinho só foi comunicada da decisão após ela ter sido tomada.

O jornal fez notar que o porto de passagem funcionava havia 55 anos, sendo que o ápice da utilização da rota fluvial brasileiro-argentina ocorreu nas décadas de 1960 e 1970. Nesse período, “milhares de pessoas cruzavam de um país para o outro através da bucólica passagem fronteiriça”, escreveu a reportagem.

Ouvindo lancheiros e moradores, o Nosso Tempo apontou que o fechamento da travessia sofreu influência de interesses econômicos de empresas de ônibus, as quais exploravam o serviço na recém-inaugurada Ponte Tancredo Neves, de 1985. O modal rodoviário custava mais caro.

“Com a construção da Ponte Tancredo Neves, o movimento teve uma queda, mas o serviço de lanchas continuou sendo utilizado pela população de renda baixa”, pontuou o jornal. “Nos últimos meses, com os crescentes aumentos nas tarifas dos ônibus que ligam os dois países, a passagem fluvial voltou a ser uma opção, passando a ter um aumento crescente.”

Morador antigo do Porto Meira, Israel Resende declarou que o poder público desrespeitava a comunidade da Região Sul de Foz do Iguaçu, citando várias pautas. “Tiraram a linha de ônibus que ligava a aduana brasileira ao porto, e agora decidiram fechar definitivamente o porto”, cobrou.

A família do empresário Mário Osten possuía concessão para o transporte desde 1933. Ele reclamou da decisão unilateral da PF na época. “As alfândegas do Porto Meira e lguazú foram criadas através de acordo entre o Brasil e Argentina, sendo inacreditável que sejam desativadas sem conversações e acordos entre os dois”, queixou-se.

Leia a reportagem na edição original do Nosso Tempo.

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