“Para que essa fila de carros inteiramente depenados no pátio da delegacia de Foz do Iguaçu?” Com esse título, o jornal Nosso Tempo questionou o amontoado de Fuscas e veículos de outras marcas que ocupavam uma unidade policial da cidade em 1980.
LEIA TAMBÉM:
Terminal turístico de Itaipu era aberto em 1980 e custava 500 cruzeiros para visitar obras
Ponte Tancredo Neves em 1984, um ano antes de ficar pronta
Dia em que a travessia de barco entre Foz do Iguaçu e Puerto Iguazú foi fechada no Porto Meira
Trote de bomba ameaçou ‘mandar para os ares’ prefeitura em Foz do Iguaçu
Mesquita de Foz do Iguaçu: da pedra fundamental à inauguração
A edição do semanário, a primeira, foi às bancas no começo de dezembro daquele ano. A fotografia que estampou a notícia da época mostrou apenas a metade da frota de carros, entre eles, o mais popular e um dos mais amados pelos brasileiros, sem serventia ou uso, em lenta decomposição.
“São carros roubados, cujo dono não foi encontrado, ou sequestrados aos contrabandistas e traficantes de tóxicos, ou sabe lá o que mais”, afirmou o texto. E completou ressaltando não ser certo manter os bens entregues à corrosão material, advogando uma destinação racional a eles por “princípio de economia”.
“A obrigação da polícia é entregar os carros apreendidos por irregularidades e não resgatados pelos proprietários à Receita Federal”, opinou o Nosso Tempo. E o órgão nacional, por sua vez, realizar leilão para “liberar o entulho”, apontou.
E a matéria veiculada em 1980 prosseguiu com uma denúncia. “Conta-se que a polícia teria adotado o método de ‘emprestar’ carros apreendidos em bom estado a seus amigos. Ora, o uso dos carros nessas condições é puramente ilegal”, cobrou o jornal.
O Nosso Tempo questionou os responsáveis pela guarda dos veículos, que permitiram que os Fuscas fossem depenados, com a retirada de peças. “Quem lucrou com isso? Quem vai ser penalizado por esse vandalismo?”, perguntou.
O tema foi pauta de reuniões de prefeitos da região, que sugeriram haver o que foi chamado, na época, de “indústria de carros roubados”. E, já naquele tempo, descortinou o jornal Nosso Tempo, havia a prática de cobrar resgate de dono de veículo roubado.
Leia a reportagem na edição original do Nosso Tempo.
História a um clique
O portal Nosso Tempo Digital reúne todo o acervo do jornal, projeto lançado para marcar o aniversário de 30 anos do periódico rebelde. O objetivo é preservar a memória da cidade, facilitar o acesso à história local e regional, e democratizar a consulta ao acervo midiático por meio da internet.
O acesso é gratuito. O acervo constitui fonte valiosa para o morador desejoso de vasculhar a história da cidade e de seus atores, contada nas 387 edições do jornal que foram digitalizadas, abrangendo de dezembro de 1980 a dezembro de 1989.
Comentários estão fechados.