Obra conta o “último dia” do europeu, primeiro a contemplar as Cataratas do Iguaçu, em texto que mescla história e ficção.
Os relatos oficiais cravam na memória que foi o explorador Don Alvar Nuñez Cabeza de Vaca o primeiro europeu a contemplar as Cataratas do Iguaçu, por volta de 1542. Sua saga no continente inclui viagem a Buenos Aires, Argentina, navegação pioneira pelas águas do Rio Paraguai e naufrágio na costa do Golfo do México. Não nessa ordem.
Parte da epopeia desse personagem dos séculos 15 e 16, que foi de herói a vilão frente à Coroa Espanhola, está em “O Último Dia de Cabeza de Vaca”, do escritor paranaense Fábio Campana, que acaba de ganhar uma edição em Portugal. A narrativa une ficção e história, por isso o leitor é desafiado, a certa altura, a descobrir quem de fato diz o que, se Campana ou Don Alvar.
“A vida, quando foi verdadeiramente nossa?, perguntava Don Álvar. Quando somos e o que somos? Bem pensado. Não somos, nunca somos, nunca a vida é nossa, é dos outros, todos somos a vida dos outros que somos todos. Por isso devemos nos buscar nos outros para entender o que somos. Nem o rei é alguém quando só, apenas vertigem e vazio”, relata o narrador das memórias.
A versão europeia do livro faz parte da coleção “Abelha: Mel e Ferrão”, do Grupo Editorial Almedina, organizada pelo escritor e professor brasileiro Deonísio da Silva, que reforça o chamado à leitura na apresentação do livro. “Hábil narrador, sempre atendo a detalhes, Fábio Campana mostra-se como era na vida real: irônico e dono de um humor sardônico”, frisa.
Leia aqui um fragmento de “O Último Dia de Cabeza de Vaca”.
A primeira edição do livro chegou às praças em 2005, pela curitibana Travessa dos Editores. Nesta segunda tiragem, portuguesa, a publicação de Fábio Campana também ganha versão no formato de e-book e divide – melhor, soma – o catálogo com outros grandes autores no idioma de Camões.
Iguaçuense de 1947, Fábio Campana faleceu em maio de 2021, vítima de covid-19, em Curitiba (PR), cidade onde atuou por décadas como escritor, jornalista e editor. Além de “O Último Dia de Cabeza de Vaca”, publicou “Restos Mortais” (1978); “No Campo do Inimigo” (1981); “Paraíso em Chamas” (1994); “O Guardador de Fantasmas” (1996); “Todo o Sangue” (2004); “Ai” (2007); “A Árvores de Isaías” (2011); “O Ventre, o Vaso, o Claustro” (2017); e “As Coisas Simples” (2019).
(Com informações do portal Guatá)
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