Objetos históricos ajudam a contar a história da interferência do pai da aviação para que as Cataratas se tornassem patrimônio público; a exposição foi remontada para a Feira do Livro.
Depois de ficar quase dois anos em exibição no Ecomuseu da Itaipu, a exposição foi reaberta no último fim de semana, para integrar a programação da 16ª Feira Internacional do Livro, no Clube Gresfi, em Foz do Iguaçu. Até sábado (27), ficará aberta das 8h às 21h. A partir de segunda-feira (29), a visitação ocorrerá, inicialmente, por agendamento pelo número (45) 99118-6715, sempre de forma gratuita. “Estamos muito orgulhosos!”, reconheceu Sérgio Teixeira, um dos voluntários que remontaram a exposição. “Esta é mais uma oportunidade para que moradores e turistas conheçam essa história e vejam objetos raríssimos relacionados com a vida e com as invenções de Santos Dumont”, concluiu.
A passagem do aviador Santos Dumont por Foz do Iguaçu e a articulação feita por ele para que as Cataratas do Iguaçu se tornassem Patrimônio Mundial foram testemunhadas por pessoas que viveram 105 anos atrás, especialmente pelo pioneiro da hotelaria iguaçuense Frederico Engel. Agora, essa história está sendo reconhecida e divulgada graças ao esforço de pioneiros, voluntários, historiadores, empresários e apoiadores da exposição “Asas da Memória – Santos Dumont na Terra das Cataratas”.
Além de objetos antigos raríssimos, peças históricas e fotos curiosas, desta vez a exposição traz reproduções de reportagens publicadas em jornais da década de 1910 relatando a passagem de Santos Dumont pelo Paraná. Uma mesa de dois metros de altura também mostra como o aviador brasileiro gostava de servir refeições aos amigos enquanto morou em Paris, França, onde inventou o avião. Artistas de Foz do Iguaçu fazem parte da exposição com obras em homenagem ao aviador e as crianças podem se divertir com a sensação das alturas, lançando aviões de papel num céu feito de tecido.
Gresfi – primeiro aeroporto de Foz do Iguaçu
A escolha do Clube Gresfi para abrigar a exposição levou em consideração o legado do imóvel onde funcionou campo de aviação e aeroporto entre 1935 e 1972 e a existência de um prédio histórico ainda preservado no local. Duas salas onde funcionavam as antigas companhias aéreas, como a Varig e a PANAIR do Brasil, foram destinadas para exposição. O presidente do clube, Marcos Costa, mineiro como Santos Dumont, não conhecia a história da passagem do pai da aviação por Foz do Iguaçu. “Foi uma pessoa influente, na época, que contribuiu para Foz do Iguaçu se tornar essa cidade referência no ponto de vista turístico”, ressaltou.
O Gresfi mantém um projeto de preservação histórica coordenado pelo historiador e museólogo Pedro Louvain. Atualmente, existe um circuito com 7 pontos de parada e acompanhamento de um monitor que pode ser feito de forma gratuita por qualquer pessoa interessada. Segundo o historiador, nesse circuito o visitante tem a oportunidade de fazer um passeio pelo sítio histórico do primeiro aeroporto de Foz do Iguaçu, o Aeroporto do Parque Nacional do Iguassú. “Agora temos mais uma importante atração: a exposição sobre o aeronauta mais famoso do Brasil e sua participação na criação do Parque”, reconhece Pedro Louvain.
Santos Dumont e as Cataratas
Em 1916, quando soube que Santos Dumont desembarcou em Puerto Iguaçu, Argentina, como parte de um roteiro de viagem pela América do Sul, o pioneiro da hotelaria iguaçuense, Frederico Engel, não perdeu a chance. Buscou apoio da prefeitura de Foz do Iguaçu para trazer o visitante ilustre para o “lado de cá” da fronteira. Santos Dumont já era uma personalidade mundial, tinha sido o primeiro homem a voar num aeroplano dez anos antes, no voo histórico do 14-Bis. As autoridades locais consideraram que não tinham muito a oferecer, mas Engel insistiu, tornou o convite oficial e foi atendido por Santos Dumont. Em visita a Foz do Iguaçu, Santos Dumont primeiro foi recebido no “Hotel Brasil”, hotel instalado no (agora) centro da cidade. Foi recebido com uma festa!
No dia seguinte, Frederico Engel, Frederico Engel Filho e Santos Dumont partiram para o passeio nas Cataratas. Lá, instalaram-se na filial do “Hotel Brasil”, uma pequena casa de madeira batizada de “Hotel dos Saltos”, que ficava de frente para as quedas. Frederico Engel tinha adquirido o direito de explorar a hospedagem a partir de um arrendamento feito pelo dono das áreas, o estrangeiro Jesus Val. Sim, as terras onde ficam as Cataratas do Iguaçu já foram quintal da propriedade de um particular. E foi isso que fez Santos Dumont desviar o rumo da viagem dele e partir para a capital do estado do Paraná, Curitiba, em vez de seguir para o Rio de Janeiro, como era previsto. Lá, ele esteve com o governador do Paraná, Affonso Camargo e pediu que as terras onde estão as Cataratas se tornassem patrimônio público. Três meses depois saiu o decreto de desapropriação.
SERVIÇO
Exposição Asas da Memória – Santos Dumont na Terra das Cataratas
Local: Clube Gresfi (Av. JK, 1740, Jd. América, Foz do Iguaçu)
Entrada gratuita
Data: Até sábado (27)
Hora: Das 8h às 21h
Data: A partir de segunda-feira (29)
Hora: Agendamento pelo número (45) 99118-6715
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