Mãe de criança agredida em Ciudad del Este é processada. Agressor está livre

Um caso revoltante do início ao fim expõe falhas na proteção ao menor no Paraguai.

Um caso revoltante do início ao fim expõe falhas na proteção ao menor no Paraguai.

Um menino de 7 anos entrou numa galeria comercial de Ciudad del Este, no dia 21 de fevereiro, com uma cestinha para vender doces. Ao vê-lo, um homem foi imediatamente para cima dele e lhe deu um pontapé no rosto, que provocou ferimentos. A cena foi gravada em vídeo, que viralizou e provocou muita revolta nas redes sociais.

No entanto, até agora o agressor está livre. Ele é um técnico de conserto de telefones que atua na galeria, segundo informou o jornal La Nación.

O Conselho da Infância da Prefeitura de Ciudad del Este e o Ministério Público apuraram o caso. Resultado: a mãe do menino foi processada, por faltar ao dever de cuidado e educação da criança.

A mãe, de 26 anos, que está grávida e tem outros filhos menores, não irá presa, porque a promotora do caso solicitou a aplicação de penas alternativas.

A promotora Cinthia Leiva Cardozo sustentou ao jornal La Nación que a mulher faltou ao dever de cuidar do menino, ao expô-lo a trabalhar na rua como vendedor ambulantes.

O menino sofreu a agressão no interior da galeria Jebai Center, onde por sinal há lojas que já ganharam o noticiário por supostos golpes contra compradores brasileiros.

CONSELHO DENUNCIOU A MÃE

Segundo La Nación, o processo contra a mãe baseou-se em denúncia apresentada pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente, porque já havia feito advertências sobre o risco que acarretava a atividade do menino nas ruas do microcentro de Ciudad del Este.

Quanto ao agressor, não houve nenhuma denúncia contra ele por parte do Conselho. A promotora disse que, para a possível punição, os familiares da vítima teriam que entrar com uma ação privada contra o homem.

Diz La Nación: “A Codeni (o Conselho) denunciou uma mãe por violação do dever do cuidado, mas não denunciou quem chutou o rosto de um menino”.

La Nación consultou a promotora do caso, para saber por que nada aconteceu ao agressor.

“O Código Penal (do Paraguai) limita muitas coisas. O que a lei prevê é aquele caso de maltrato a crianças em condição de tutela e, analisando a conduta do suposto autor, vê-se que o menino não está sob sua tutela. Outras ações que se analisaram entram dentro de ação privada e não cabe a imputação por parte do Ministério Público”, disse a promotora.

Que concluiu: “Lamentavelmente, não podemos apegar-nos a algum caso de ação penal pública para podermos processar (o autor”).

SEM AJUDA PÚBLICA

A mãe da criança agredida, de acordo com o portal Paraguay.com, há três anos tenta ingressar no programa “Abrazo”, do Ministério da Criança e Adolescência, para receber a ajuda econômica necessária para sustentar seus filhos, sem precisar levá-los ao microcentro, onde ela também trabalha como vendedora ambulante.

A gente só pode concluir: Que absurdo! Tanto a ação do Conselho, que se limitou a punir a mãe; como a legislação paraguaia, pela qual – segundo deu para entender – qualquer pessoa pode espancar uma criança que não esteja sob sua tutela. E ficar livre, se os pais não entrarem com ação na Justiça.

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