70% da carne de frango consumida no país vem da Argentina e 10% do Brasil. Produtores locais ficam só com 20%.
O título desta matéria foi copiado literalmente do site Insight Crime (insight não tem tradução, mas no caso dá para traduzir como “percepção do crime”).
A questão do contrabando de frango ganhou destaque internacional porque, além de abalar a indústria do frango paraguaia, é resultado é resultado da famosa coima – ou propina, em bom português.
O suborno de policiais, da Marinha e da Aduana permite a passagem de quantidades imensas de frangos, princiaplmente por Ciudad del Este. O suborno foi denunciado ao Insight Crime pela associação de avicultores do Paraguai, a Avipar.
É tanto frango “estrangeiro” que não há mais espaço no mercado para a produção local, hoje limitada a 20% do consumo. A maior parte – 70% – vem da Argentina e 10% do Brasil.
A produção local, de 500 mil aves por semana, enfrenta uma avalanche de 2 milhões de quilos de frango contrabandeados mensalmente, que entram no Paraguai pelo Rio Paraná.
Como a economia paraguaia ainda sofre as sequelas da pandemia de covid-19, a demanda de frangos mais baratos, produzidos em massa e provenientes do exterior, contribuíram para uma disparada de aves da Argentina, resultado da debilidade das regulações, diz o Insight Crime.
SEM RESULTADOS
O site lembra que as autoridades paraguaias estão redobrando o número de patrulhamentos e aleatórios ao longo das rotas já conhecidas de contrabando. E prometem “contrabando zero”.
Mas “o minúsculo número de apreensões reportado até a data e a aparente falta de cooperação regional de qualquer tipo põe em dúvida essas promessas”, diz o site.
No ano passado, o governo paraguaio criou uma força de tarefa interinstitucional de combate ao contrabando, mas foi alvo de críticas porque foi utilizado o mesmo pessoal da Marinha, agentes de polícia e aduaneiros já denunciados por facilitar a ação dos contrabandistas, informa ainda o site.
Ao longo das margens do Rio Paraná, há centenas de portos clandestinos ao longo das fronteiras paraguaias com a Argentina e o Brasil, o que permite a movimentação de bens de contrabando de Ciudad del Este ao resto do país.
Segundo o site Insight Crime, o contrabando de frango não é um problema apenas do Paraguai. Em abril passado, o site relatou como galinhas e ovos mexicanos eram cada vez mais contrabandeados para a Guatemala.
O QUE É
O site é produzido pela organização Insight Crime, que se dedica a investigar o crime organizado na América Latina e Caribe.
Sem caráter lucrativo, a organização combina o jornalismo investigativo com rigor acadêmico, baseando suas análises na investigação em campo e em testemunhos de todos os atores, legais e ilegais, informa a Insight Crime no seu site.
Diz ainda que, além de suas publicações, oferece estudos e recomendações sobre políticas para organismos governamentais.
Comentários estão fechados.