Imagens e quadros do santo foram encontrados em quase todas as buscas.
Um detalhe chamou a atenção dos agentes da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (Senad) e dos promotores que participam da operação “A Ultranza PY”: em todos os imóveis investigados, encontraram imagens de São Jorge, como noticiou o jornal Crónica.
A presença do santo virou até uma pista chave para os promotores, já que mostra uma conexão entre os envolvidos.
Na quinta-feira, o Ginásio que foi investigado, no centro de Assunção, tem uma “feroz imagem” de São Jorge, como diz o Crónica, atacando o dragão.
O uruguaio Sebastián Marset Cabrera, que seria o líder dos traficantes que enviam cocaína para a Europa, também seria devoto de São Jorge, o que explicaria as iniciais S.M. encontradas junto à imagem (o último nome da pessoa, em espanhol, é como o nome do meio, para o brasileiro – pode ser “esquecido”).
A fazenda investigada em San Roque González de Santa Cruz, departamento de Paraguari, tem o nome de “23 de abril”, data consagrada a São Jorge. A fazenda seria de Marset, segundo a Senad, noticiou o Crónica.
O jornal pergunta: “os narcotraficantes do mundo adoram São Jorge?” E o próprio jornal responde que, na Bolívia, os narcotraficantes costumam pedir a proteção do santo, conforme um artigo publicado pelo site boliviano Eju.tv.
Segundo esse site, os narcotraficantes bolivianos de Santa Cruz veneram São Jorge, cuja imagem é encontrada pela polícia em todas as buscas que fazem em residências de suspeitos.
Citando reportagem da BBC, Crónica lembra que São Jorge, conhecido como o “santo guerreiro” no Brasil, é cultuado tanto por criminosos como por agentes de segurança no Rio de Janeiro, que pedem a proteção dele contra os perigos.
EXISTIU?
São Jorge provavelmente não existiu, embora tenha devotos em todas as partes do mundo e seja padroeiro de inúmeros países, como Portugal, Inglaterra, Grécia, Lituânia e Malta.
O Concílio Vaticano Segundo (1962-1965) não “dessantificou” São Jorge, mas, em 1969, ele saiu do calendário litúrgico de primeira classe.
O problema de São Jorge é simples: ele chegou a combater um dragão, como acreditam alguns fiéis. E dragão, como se sabe, é figura mitológica. Uma lenda, talvez semelhante à que gerou esta figura de um santo que era oficial do exército romano, tornou-se cristão e, por isso, foi martirizado.
Antes de morrer, contudo, teria lutado contra o dragão, para salvar uma princesa ainda donzela e libertar toda uma vila.
“A vida de Jorge de Capadócia é uma mistura tão forte de mitos e lendas que é difícil achar qualquer dado histórico. Mas isso não importa realmente para seus devotos, menos ainda na Idade Média”, diz a revista Superinteressante num texto intitulado “São Jorge: as aventuras do santo que nunca existiu”.
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