Ponte é “terra de ninguém”, disse uma empresária. Problema é na ida à Argentina.
Se os brasileiros reclamam da demora pra entrar em Puerto Iguazú, o que dizer de paraguaios e argentinos obrigados a esperar até 10 horas na fila para cruzar a ponte entre Encarnación e Posadas?
E o pior é ainda ter que enfrentar os “espertinhos” que pagam pra furar filas (e os “espertinhos” que cobram), os abusos no trânsito e até as brigas, cada vez mais constantes.
O portal Misiones On Line trouxe nova reportagem sobre a situação na ponte San Roque González de Santa Cruz, que une Posadas, na Argentina, a Encarnación, no Paraguai.
O grande movimento, somado à burocracia no lado argentino, prova extensas filas. A espera para atravessar a fronteira, nos dias de feriado de carnaval, chegou a ser de 10 horas. Para atravessar ao lado paraguaio, o trâmite é bem mais ágil.
“TERRA DE NINGUÉM”
Além da longa espera, os motoristas que estão na fila ficam reféns de manobras de trânsito arriscada, inclusive de gente que para sem motivo ou dirige na contramão, sem que haja fiscais para coibir.
A empresária Julia Acosta Azoya, do setor imobiliário de Posadas, afirmou que se sentiu prejudicada pelo colapso formado pelas longas filas para entrar na Argentina. E queixou-se que “o trâmite é burocrático e não agiliza o passe migratório”.
Ela contou que chegou até o lado paraguaio da ponte às 6h45, depois de visitar a mãe, o que faz habitualmente desde que a ponte foi reaberta.
Às 7h30, disse, alguém se aproximou para lhe oferecer um avanço na fila indo atrás de uma moto, mas ela não quis. Às 13h, frente a um conhecido shopping de Encarnación onde há estacionamentos, os carros saíam e entravam na fila, atrasando ainda mais para quem vinha em seguida.
Já perto do acesso à ponte, contou ainda, há todo tipo de manobras proibidas, pondo em risco a vida de todos.
Julia Acosta Azoya e sua família passaram a ponte às 16h45, depois de 10 horas de espera. Ela criticou a burocracia e lembrou que muitas vezes há idosos e crianças nas filas, mas “nem com eles há consideração”.
E declarou: “A ponte é terra de ninguém”.
ESTILINGUE
Contra os apressados que furam as filas, apareceram agora os vingadores. Armados de estilingues, eles lançam bolas de gude contra os carros, quebrando vidros. Isso ocorreu, por exemplo, na segunda-feira de carnaval.
Na mesma noite, um carro deixa um dos últimos lugares da fila e avança sobre o lado esquerdo da pista, o que fez explodir e fúria o resto dos presentes. Houve brigas e confusão.
Nos dias quentes que a região enfrenta, as longas filas de espera e a ação dos fura-filas são o combustível perfeito para acirrar os ânimos, diz Misiones On Line. Na quarta-feira, um grupo de pessoas participou de uma verdadeira batalha campal.
As imagens de homens e mulheres se golpeando foram publicadas em redes sociais e viralizaram. A briga começou quando um carro furou a fila sobre a ponte.
O jornalista paraguaio Cristian Giménez publicou o vídeo e falou sobre o risco da falta de fiscalização na ponte.
Ele contou, por exemplo, que vários caminhões passaram escoltados pela gendarmeria, mas alguns automóveis se meteram no meio dos veículos pesados, para aproveitar a brecha, ignorando os riscos e ignorando que outros estavam até há mais tempo na espera.
“É preciso achar uma solução antes que aconteça uma tragédia”, disse Cristian em sua conta no Twitter.
LADO PARAGUAIO
O mesmo problema não acontece no sentido inverso, de Posadas a Encarnación. O chefe do posto de controle do Paraguai, César Duarte, disse ao Misiones On Line que o setor de Migrações faz o possível para agilizar o trâmite. E destacou que a questão da segurança da ponte é de responsabilidade da Prefeitura Naval do Paraguai e da Gendarmeria argentina.
Segundo Duarte, o controle migratório demora 8 a 10 segundos por pessoa na saída. Na entrada demora um pouco mais porque o passageiro deve chegar a pé até as janelinhas de controle.
PROPINA
Este é o lado positivo sobre o Paraguai. O negativo é que, para entrar na fila da Ponte San Roque González de Santa Cruz, a partir de Encarnación, a espera pode chegar a três ou quatro horas, de acordo com reportagem anterior de Misiones On Line.
Para não esperar tanto, é possível pagar uma propina para entrar numa fila paralela, que vai mais rápido. Esta fila, na verdade, é para ser usada por pessoas deficientes, mas nada que o dinheiro não resolva.
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