Coletivo Ambiental de Foz do Iguaçu – OPINIÃO
O Coletivo Ambiental de Foz do Iguaçu vem a público expressar, com profunda tristeza e perplexidade, seu inconformismo e seu repúdio ao repentino e brutal corte de inúmeras árvores realizado pelo município, na data de 07 de dezembro de 2023, na Praça das Aroeiras, Vila Yolanda, ação esta que transformou a praça em um triste cenário de devastação, provocando a perturbação de espécies faunísticas e, também, comoção e indignação popular.
Em pleno ano de 2023, com o nítido avanço da grave crise climática global, da qual resultam tragédias ambientais que ceifam vidas em toda parte, Foz do Iguaçu — que tem o maior remanescente de Mata Atlântica do país como bandeira turística e que, por isso mesmo, deveria ser referência em preservação ecológica — novamente protagoniza um episódio de grave violação ao meio ambiente, contrariando a ordem jurídica ambiental e ignorando os apelos de moradores locais e ambientalistas.
A Praça das Aroeiras é uma área arborizada de singular fisionomia vegetativa e de inestimável riqueza biológica, na qual são encontrados exemplares importantes da flora nacional — como o Pau-Brasil, espécie símbolo da biodiversidade brasileira e ameaçada de extinção —, sendo um espaço público que não só contribui para a regulação climática e beleza paisagística de nossa cidade, como também promove lazer e bem-estar social à população por meio de interação saudável com a natureza.
Destacamos que a Praça das Aroeiras ocupa o centro de um intenso e ainda inacabado debate público sobre seu destino desde a anunciada pretensão do município de desmatar a área para construção de uma escola municipal.
Tal debate passou por audiência pública no legislativo e também se tornou objeto de uma ação popular que ainda tramita junto ao Tribunal de Justiça do Estado do Paraná em razão da ameaça de lesão ao patrimônio público natural (artigo 225. da constituição brasileira de 1988. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações). Mesmo sem decisão judicial final, a temida lesão foi concretizada sem nenhuma parcimônia, atropelando o rito processual em curso, numa medida temerária, precipitada e ilegal.
Valendo-se de argumentos capciosos, construídos a partir de uma ótica equivocada e predatória de progresso e desenvolvimento social, a administração pública municipal criou e propagou uma falsa antítese em torno do assunto, colocando o direito à educação de nossas crianças e a justiça climática em polos antagônicos, em rota de colisão, quando, na verdade, mais do que nunca, eles devem andar juntos, lado a lado, pelo próprio bem e sobrevivência futura das novas gerações que se pretende beneficiar com esta ação desastrosa.
O direito à educação é uma garantia constitucional (Os arts. 205 e 206 da Constituição da República estabelecem objetivos e princípios que integram o direito fundamental à educação, o qual deve visar a “pleno desenvolvimento da pessoa, [a] seu preparo para o exercício da cidadania e [à] sua qualificação para o trabalho”), portanto, cabe ao poder público o dever de compatibilizar ambos, conforme preconiza a legislação, devendo, para tanto, viabilizar uma alternativa eticamente possível que concilie a demanda da comunidade escolar com a manutenção de espaços verdes — fundamentais para a saúde humana e para a mitigação do impacto ambiental negativo gerado pelo crescente processo de urbanização e má ocupação do solo —, de maneira que seja assegurada a justiça socioambiental.
Neste triste episódio, perde a vida, perde a população, perdem a atual e as futuras gerações. Mais que um erro escabroso e um acinte ao interesse público, esta ação de derrubada de árvores revela o desprezo do poder público local pela pauta ambiental e deixa uma marca traumática e indelével na natureza e também na história e na imagem da cidade. Este lastimável episódio representa, sobretudo, uma derrota civilizatória.
Irresignado e vigilante, o Coletivo Ambiental de Foz do Iguaçu segue na luta pelo direito de todas e todos, exigindo do poder público municipal a imediata interrupção da supressão e a posterior recuperação da vegetação da Praça das Aroeiras, ao passo que reafirma sua posição firme e inegociável em defesa do não retrocesso jurídico e da convergência dos interesses sociais e ambientais que, reiteramos, não são conflitantes, mas, sim, complementares.
A cidadania tem cor, e ela é verde.
Foz do Iguaçu, 13 de dezembro de 2023. Coletivo Ambiental de Foz do Iguaçu – CAFI
Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.
A administração municipal é no mínimo estranha, para não dizer outra coisa quando o assunto é meio ambiente. Não existe uma política em relação ao manejo, preservação ou conservação. Enquanto alguns cidadãos de bem, sofrem com a burocracia para podar algumas árvores, na maioria velhas, ocas e condenadas, que de alguma forma põem em risco o patrimônio privado ou a segurança das pessoas, a prefeitura atropela o bom senso e as motosserras cantam sem parar, com tantos problemas como o assoreamento de nossos rios, o prefeito e sua trupe faz questão de fazer o que bem entendem.
Realmente triste e doloroso ver essa destruição desrespeitando aos processos jurídicos em andamento, desrespeitando a vontade da doadora do terreno. Uma praça cheio de verde, agradável aos olhos, coração e mente… que tinha um gramado bem cuidado e árvores frondosas… Foz é Natureza viva! Não destruída!
Desrespeito com está comunidade que sempre cuidou desta área verde única do bairro ..Uma lugar de lazer. Com árvores protegidas por lei que só vale quando um morador ousa em derrubar uma árvore que apresenta risco para sua residência aí a lei funciona direitinho. Vários outros terrenos próximos a escola foram enviados a prefeitura para construção da escola. Mas por vingança lamentavelmente teria q ser este..Mas o que mais me indigna e ver profissionais da educação formadores dopiniões comemorando a derrubada das árvores .Como isso????Como esse professor vai falar do meio ambiente em suas aulas ????? Ou não ensinam aos futuros cidadãos a preservação do planeta ??????
Fico apenas impressionada com a falta de repúdio quanto as milhares de árvores que foram tiradas para a construção do aquarium em fo e ninguém fala nada. Para tantas outras obras e todo mundo quieto. Apenas a praça das aroeiras fará falta. Até parece que este corte é responsável pelo aquecimento global de todo o planeta. Interesses políticos claros. . Porque não vejo nenhum protesto quanto ao tantos outros desmatamentos em nossa cidade.
A construção da escola neste local tem claros interesses que ainda não vieram a tona e só serão descobertos depois de muito tempo. Incrível é ver pessoas apoiando a construção dela numa das poucas praças da cidade que é bem cuidada e está disponível para toda a população, ao contrário de alguns que acham aquele local “exclusivo” dos moradores do bairro. Já não basta a retirada de árvores desenfreada em outros trechos do Município. Havia diversos terrenos da prefeitura disponíveis e subaproveitados na região, que comportariam a escola, que por sinal foi instalada debaixo de uma arquibancada de estádio de futebol e na época, estranhamente, quase ninguém chiou.
Tanta coisas para serem feitas em Foz, e a prefeitura manda cortar árvores???? Nossa cidade já é um forno por natureza e cortar as árvores chega ser uma piada,entre outras tantas piadas sobre Foz!!!! Inacreditável em pleno século 21 seguem cortando a natureza!!!!!