A transformação da escola em mercadoria no Paraná

Professor Guilherme de Souza fala sobre a privatização das escolas no Paraná.

Por Guilherme de Souza Santos Netto – OPINIÃO

O que vem acontecendo no ensino do Paraná nos últimos anos é um resquício das políticas econômicas neoliberais dos anos 1990 no Brasil que se intensificam a cada ano. Especialistas da educação como o Professor Dr. Demerval Saviani nos orienta sobre a lógica do capital que influencia a educação e critica a transformação da escola em mercadoria.

Essa lógica promove a manutenção do estado precário e privilegia instituições privadas, principalmente as grandes parcerias feitas pelo governador Ratinho Júnior, junto a Tom Educação, Apogeu, Rede decisão e Salta.

Clique aqui e receba notícias no seu WhatsApp!

Com essas parcerias transfere a gestão administrativa de escolas para empresas do setor privado prometendo uma ‘’qualidade superior’’, ou seja, o governo estadual descredibiliza sua própria gestão para beneficiar empresas privadas ‘’parceiras’’ com o dobro do investimento normal para que gerirem em seu lugar.

O professor Dr. Luiz Carlos de Freita ressalta em sua obra ‘’ A reforma empresarial da educação: Nova direita, velhas ideias’’  que o processo de responsabilizar o setor privado com recursos do setor público é a própria caracterização de uma reforma empresarial que acontece na educação. O que leva ao autor a pensar que a elite tem como objetivo a destruição do sistema público de educação ao convertê-lo em uma organização empresarial inserida em um mercado livre, desse modo, mercantilizando o ensino em sua essência.

E como isso pode precarizar o ensino de qualidade? A mercantilização do ensino leva a um cenário que tira o ensino como direito social da população, levando a uma interpretação errada do que deveria ser de fato uma escola. Oras, nada mais, nada menos o trabalho feito por todos os profissionais, ou que deveria ser feito, de conscientizar, aprimorar o conhecimento crítico do meio em que o indivíduo está inserido, propor a interpretações de outros mundos para o mundo político em que vivemos, criar cidadãos e não máquinas que coletam informações gerais sobre tudo. O objetivo da escola não é informar mas sim ensinar.

Como professor não posso deixar de lembrar da desvalorização docente que é assunto recorrente no Brasil, o profissional de ensino básico é recorrentemente malvisto ultimamente no país, principalmente por dizerem que acontece um processo de ideologização, algo que não acontece. O Docente não está sendo bem pago, não está sendo respeitado dentro de sala de aula, a porcentagem de profissionais com distúrbios  psicológicos aumentaram consideravelmente nos últimos 10 anos e a procura por cursos de licenciatura caíram drasticamente no ensino superior.

Não sabemos o próximo passo para a precarização pensada dos nossos governantes daqui para frente, se seremos substituídos por inteligência artificial ou se simplesmente irão assinar alguma lei na qual não é mais uma obrigação estar em sala de aula, algo que se sugerido abrirá o campo para a elitização em massa do ensino. Mas uma coisa é certa, os professores unidos nunca farão da educação uma perda de tempo, estamos lutando para que nossa educação seja valorizada, social e acessível.      


Guilherme de Souza Santos Netto é professor de História na rede estadual de ensino.


Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.

Quer divulgar a sua opinião. Envie o seu artigo para o e-mail portal@h2foz.com.br

LEIA TAMBÉM

Comentários estão fechados.