Dantas Duarte – OPINIÃO
Na última quarta, 12 de abril, foi realizada uma audiência pública na Câmara Municipal, e com plenário cheio, discutiu-se a instalação da nova Escola Municipal Professora Lúcia Marlene Pena Nieradka no local que é conhecido como Praça das Aroeiras.
A Praça: A área localizada no Jardim Social, proximidades da Avenida General Meira é um dos últimos espaços verdes públicos e acessíveis para o deleite da população na região sul da cidade, sendo o lar de diversas espécies vegetais, dentre elas, o Pau-brasil, a Araucária e o Ipê, além da variedade animal como tucanos e maritacas e insetos. Intensamente frequentada, sobretudo pela população da região da Vila Yolanda e do Ouro Verde, o local é ponto de referência no Jardim Social I, e muitas de suas árvores foram plantadas por moradores da região e também com a ajuda de entidades como o Rotary Clube.
A Escola: Funcionando atualmente sob as arquibancadas do Estádio Pedro Basso, a Escola Municipal Professora Lúcia Marlene Pena Nieradka padece em precariedade, sendo um local não adequado para o desenvolvimento do ensino infantil. Além de sua situação estrutural, o grande ruído da rua e das atividades desenvolvidas no Estádio e no Kartódromo ao lado dificultam a aprendizagem. Há mais de 20 anos numa situação de caráter provisório que acabou se tornando definitivo, finalmente o município, através de audiência pública sobre o orçamento participativo, designou recursos para a construção desse importante espaço de saber em uma região que carece de escolas voltadas à educação básica em suas imediações.
O Conflito
Acontece que, segundo a Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu, de todas as áreas públicas de reserva técnica disponíveis na região da Vila Yolanda, Jardim Social, Jardim Bourbon e em outros bairros dessa região, a que mais se adequa ao projeto da nova escola é justamente a Praça das Aroeiras. Porém, em um levantamento feito pelos próprios moradores, sabe-se que esse local é reconhecido sim como uma praça, com parecer técnico oficial e outras documentações que a comprovam como tal.
De um lado, os moradores e uma gama da população, que preocupada com a possível extinção de uma linda praça em uma cidade que é deficiente nesse tipo de espaço público está lutando firmemente para que a escola não seja construída ali, mas sim em outro terreno. Do outro lado, professores, pais e alunos que também preocupados com a qualidade do local onde seus filhos estudam estão lutando ferrenhamente para que a escola seja construída na Praça das Aroeiras.
Nota
A intenção aqui não é fazer juízo de valor, ainda mais na posição em que o escritor desse texto se encontra, de educador e ambientalista, mas, para que a situação chegasse ao nível de um debate acalorado, com muita troca de farpas em plena Audiência Pública, parece que o município vem pecando em termos de planejamento urbano.
Talvez não fosse tão grave caso houvessem outras praças espalhadas pelo território urbano de Foz do Iguaçu, com grande variedade vegetal e animal, além de um espaço agradável.
Se formos citar como exemplo as principais praças conhecidas, como a Praça da Paz, a Praça do Mitre e a Praça da Bíblia, talvez fosse mais adequado o adjetivo “largo”. Trata-se de locais denominados como praça, mas que pecam gravemente no paisagismo e na ausência das árvores, além de alguma estrutura que realmente as caracterizem como praças. Além do mais, outras praças, como a Tamandaré (que foi recentemente “reformada”), o Bosque Guarani (fechado há mais de dois anos), e o Parque Monjolo, que é belo mas se tornou um local indesejado por falta de elementos que passem a noção de segurança, padecem.
O que é necessário? Seguir o senso comum iguaçuense que acha melhor extinguir praças para que “não virem espaço para nóias” ou requalificar esses espaços de uma forma mais inteligente, fazendo com que a população possa desfrutar de uma estrutura urbana com a qualidade que o nome Foz do Iguaçu conota?
A Escola é muito importante, e com um orçamento municipal que se destaca entre os municípios do Oeste do Paraná (1 bilhão e 600 milhões de reais) Saiba Mais , creio que não seja difícil comprar e desapropriar áreas mais adequadas e até melhores localizadas do que a Praça das Aroeiras. Aliás, num contexto de grande crise ambiental que se arrasta há anos, JAMAIS poderemos abrir mão de espaços como esse, ou em breve refletiremos como Roberto Carlos o fez na música “O Ano Passado” de 1979, em que diz:
“Quem sabe um museu no futuro vai guardar em lugar seguro, um pouco de ar puro, relíquia do ano passado…”
O Canal SSC Foz do Iguaçu se posiciona a favor da Praça das Aroeiras, e a favor da Escola Lucia Marlene Pena Nieradka, mas espera de profundo coração que as autoridades, ao menos dessa vez, demonstrem competência em suas análises e decisões, sem privilegiar grupo A ou B, mas privilegiando a cidade de Foz do Iguaçu e seu maior testouro – o Meio Ambiente.
Por Dantas Duarte, Produtor do Canal SSC.
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