A metrópole trinacional universitária

A revolução educacional já é realidade. É tempo de reconhecê-la!  

Gleisson Brito – OPINIÃO

No último dia 10 de junho nosso município completou 109 anos de emancipação. Nesta primeira década de seu segundo século de história, Foz do Iguaçu se posiciona como uma verdadeira cidade universitária.  

Hoje o município abriga uma universidade federal, uma universidade estadual, um instituto federal, dois centros universitários e seis faculdades. São quase 20 mil estudantes em cursos de graduação, segundo o Censo da Educação Superior de 2021. A Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) faz de Foz do Iguaçu o único município do interior do estado do Paraná a possuir sede de universidade federal. Curiosamente, a UNILA é também a única sede de instituição pública de ensino superior no município, uma vez que a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) e o Instituto Federal do Paraná (IFPR), possuem sedes em Cascavel e Curitiba, respectivamente.  

Mas o fato é que nossa cidade respira ensino superior. E bons ventos parecem levar esta atmosfera acadêmica para além das fronteiras. Recentemente, foi divulgado que a Universidade Nacional de Misiones (Unam) terá um campus no município de Puerto Iguazu, Argentina. Se consolidado, este fato colocará a região em uma nova realidade geoacadêmica.  Considerando a já tradicional Universidad Nacional del Este (UNE), em Ciudad de Leste, bem como a rede regional de faculdades particulares, em breve teremos aqui uma verdadeira metrópole trinacional universitária. Um fenômeno ímpar, em que as três cidades gêmeas possuirão universidades públicas.  

Por esta razão, o tema do ensino superior precisa ser tratado como um eixo norteador do Plano de Desenvolvimento Municipal. Seus impactos sobre a imigração, sobre a mobilidade social, sobre o desenvolvimento social e econômico, sobre a atração e permanência de pessoas altamente qualificadas na cidade não podem passar despercebidos pela administração pública. É mister um planejamento estratégico que contribua para facilitar a assimilação dos que chegam, uma relação próxima do poder público com as instituições universitárias para fomentar a percepção social de pertencimento à comunidade acadêmica, uma relação integrada das universidades com as escolas para estímulo ao acesso, um planejamento de mobilidade urbana que considere os polos universitários no município, e a revigoração da política de cultura, pois é incompatível a inexistência de um teatro com uma cidade universitária.  

Enfim, nosso segundo século já começou. Sua primeira década já terminou. A revolução educacional já é realidade. É tempo de reconhecê-la!  

Gleisson Brito é professor da UNILA.

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Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.

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