Joane Vilela Pinto | OPINIÃO
Recentemente, os meios de comunicação e plataformas digitais de Foz do Iguaçu começaram a divulgar os pré-candidatos ao executivo municipal. Dentre os dez nomes cotados estão ex-prefeitos, ex-candidatos, vereadores atuais ou de legislaturas passadas, políticos que não disputaram cargos eletivos e até mesmo aqueles que estavam fora do cenário nas últimas eleições.
Entretanto, um aspecto que chama a atenção é a ausência de pré-candidatas mulheres. Esse fato é intrigante, especialmente considerando que as eleitoras correspondem a 52,65% das pessoas aptas a votar. Embora as mulheres constituam a maioria do eleitorado, é surpreendente que não haja menção a candidatas mulheres no cenário político atual da cidade.
Uma breve pesquisa sobre os pré-candidatos em municípios do estado revela que essa situação não se repete em outras cidades. Na capital, entre os 12 pré-candidatos listados, há nomes de três mulheres. Em Londrina, são citados nove nomes, incluindo duas mulheres. Já em Cascavel, uma mulher é mencionada entre os sete pré-candidatos nomeados.
Desde o reestabelecimento de eleições diretas para prefeitos em Foz do Iguaçu, somente no último pleito houve uma candidata mulher. Como vice, esse número melhora um pouco, com três nomes tendo concorrido. Na Câmara Municipal, embora os números sejam melhores, com atualmente três mulheres dentre os 15 vereadores, ainda há muito a ser feito para alcançar uma representação equitativa.
É preciso reconhecer que houve avanços, como, por exemplo, a obrigatoriedade de, ao menos, 30% de candidatas mulheres ao legislativo. No entanto, essa proporção não se reflete nas mulheres eleitas. Em 2018, por exemplo, constatou-se que no Senado Federal, das 81 vagas, apenas seis eram ocupadas por mulheres.
Na Câmara dos Deputados, das 513 cadeiras, havia 77 mulheres. Nas eleições subsequentes houve um aumento nesses números. Foram eleitas 15 senadoras e 91 deputadas, o que representa um avanço em direção a uma maior representatividade feminina no Congresso Nacional. Porém, ainda há um longo caminho a ser percorrido para que mais mulheres ocupem esses espaços.
A pouca participação das mulheres em instâncias políticas de decisão não contribui para o aperfeiçoamento das discussões sobre a desigualdade de gênero e a falta de diversidade na tomada de decisões políticas. É possível que questões estruturais, culturais e sociais limitem o acesso e a visibilidade das mulheres na esfera política e justifiquem a lenta ampliação da participação delas como candidatas.
Obviamente, não compactamos com a visão senso comum que apregoa o voto de mulheres somente em candidatas mulheres. O que merece atenção, no entanto, é que somos o maior percentual de eleitoras e não temos representatividade correspondente. A promoção da participação feminina na política municipal é essencial para a garantia de uma representação mais equânime e para a promoção da inclusão de perspectivas diversas nos processos de governança.
É fundamental a análise dos fatores que contribuem para essa disparidade, de maneira que sejam, efetivamente, construídas possibilidades mais democráticas, inclusivas e representativas. No município, a realização de debates nesse sentido permite o estudo do fenômeno objetivando compreender se as mulheres não se colocam à disposição ou se os partidos políticos deixam de oferecer oportunidades para a participação feminina.
Em outras palavras, falta interesse por parte das mulheres ou faltam oportunidades proporcionadas pelos partidos políticos? Nesse sentido, são necessários dois movimentos complementares: as mulheres se disponibilizarem para cargos políticos e os partidos abrirem espaços para essa participação. Ignorar essa tendência em Foz do Iguaçu não é uma opção viável. É preciso ver o que está diante dos nossos olhos!
Joane Vilela Pinto é doutoranda em Educação, professora aposentada e moradora de Foz do Iguaçu.
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