Veja por que governo do Estado decretou “quarentena restritiva”; e por que Foz foi incluída

Restrições a atividades econômicas e à circulação de pessoas foram definidas para regiões onde a pandemia avança mais rapidamente.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

A partir desta quarta-feira, 1º de julho, a Regional de Saúde de Foz do Iguaçu, que abrange ainda os municípios de Itaipulândia, Matelândia, Medianeira, Missal, Ramilândia, Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu e Serranópolis do Iguaçu, está em "quarentena restritiva", conforme decreto do governo do Estado.

O decreto municipal desta terça “ratifica” medida do Governo do Paraná que suspende serviços não prioritários por 14 dias. Elas valem por 14 dias. Portanto, seguem até 15 de julho.

Os motivos

Primeiro, as causas: tentar frear a pandemia, para não colapsar o sistema de saúde, como disse o governador Ratinho Júnior ao assinar o decreto. À covid-19, se somam as doenças típicas do inverno, que agora chegou pra valer.

Há um problema bem específico: a ocupação de leitos por covid-19 cresce vertiginosamente, mesmo com o aumento de 70% de leitos de UTI ofertados desde o início da pandemia.

Governador explica que decreto visa baixar a curva da pandemia, onde ela avança muito rapidamente. Foto Rodrigo Felix Leal/AEN

Profissionais e medicamentos

Mas a principal preocupação, segundo o governador, nem é com o número de leitos de UTI, que poderia ser ampliado. Mas já não há intensivistas para atender essas novas UTIs.

Intensivista é a especialidade médica que presta suporte avançado de vida a pacientes com desarranjo agudo de alguma função vital. Este profissional pode fazer uma intervenção decisiva em paciente em estado grave, anteriormente com pouca ou nenhuma chance de sobrevivência. Sem ele, uma UTI não tem razão de ser.

Segundo Ratinho Jr, a falta deste profissional não é um problema só do Paraná, mas do Brasil inteiro. A isso se acrescenta  ainda outra dificuldade, esta encontrada em praticamente todos os países: falta de medicamentos, especialmente de um insumo utilizado para sedar o paciente antes da intubação.

"É uma situação gravíssima", disse o governador. "Antes, o problema era o respirador, que foi resolvido. Agora, é o medicamento para intubação."

Quarentena restritiva

Solução? Reduzir a curva da pandemia. O decreto prevê justamente a "quarentena mais restritiva em algumas regiões onde a curva está fora do controle normal", afirmou o governador. "Não dá para tratar com normalidade esse momento anormal. Infelizmente teremos que conviver com essas medidas para diminuir o ritmo do vírus”, completou.

Era até pra ser um lockdown, mas optou-se por uma medida menos drástica. Lockdown refere-se ao bloqueio total de uma região, que é a medida mais rígida adotada durante uma pandemia. O cidadão é restrito de circular em áreas públicas, sem motivos emergenciais, e de cruzar divisas. Muitas vezes pode haver toque de recolher, como aconteceu em algumas regiões do Brasil.

Regiões afetadas

No total, a quarentena restritiva atinge 134 cidades. Além da Regional de Saúde de Foz do Iguaçu, foram incluídas as de Cascavel, Cianorte, Cornélio Procópio, Região Metropolitana de Curitiba, Londrina e Toledo.

A inclusão das sete regionais levou em conta um cálculo epidemiológico que considera a taxa de incidência por 100 mil habitantes, o número de mortes pela mesma faixa populacional e a ocupação de leitos de UTI nas quatro macrorregionais de Saúde (Leste, Oeste, Norte e Noroeste).

A situação de Foz do Iguaçu

Comparativo feito pelo jornalista Vacy Álvaro mostra como a pandemia evoluiu em Foz do Iguaçu.

Veja como avançou a pandemia em Foz do Iguaçu, na comparação com o Estado do Paraná.

Foz do Iguaçu

30 de maio: confirmados mais dois casos positivos de covid-19, totalizando 127 casos da doença. Havia seis pessoas internadas e o registro de três mortes.

30 de junho: confirmados mais 81 casos, totalizando 896 casos da doença. Havia 29 pessoas internadas e o registro de 11 mortes.

Em um mês, número de mortes ficou quase quatro vezes maior, cresceu sete vezes o de casos confirmados e quase cinco vezes o de pessoas internadas.

Paraná

30 de maio: 4.473 casos confirmados e 181 mortes.

30 de junho: 22.623 casos confirmados e 636 mortes.

Em um mês, número de casos aumentou cinco vezes; o de mortes aumentou três vezes e meia.

No quadro abaixo, a situação em Foz do Iguaçu, na terça-feira, 30:

Arte de Vacy Álvaro.

Ruim e pior

A situação do Paraná é triste, principalmente porque no dia 30, terça-feira, houve recorde de casos e de mortes.

Mas a de Foz do Iguaçu é pior, em relação ao avanço da pandemia no Paraná. Os números mostram isso.

O quadro abaixo mostra a posição de Foz do Iguaçu, em número de casos confirmados a cada 100 mil habitantes, na comparação com outros municípios do Estado e com a média paranaense.

A posição de Foz só é melhor que a de Cascavel, Cianorte e Toledo. A incidência da covid-19 em Foz é 50% maior que a média paranaense.

Quadro preparado pela Sesa.
Em número de mortes por 100 mil habitantes, a situação da Regional de Foz do Iguaçu (inclui os demais municípios) é bem melhor que a média paranaense e o número de outras regionais. Confira o quadro preparado pela Secretaria de Estado da Saúde:

 

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