A Parada LGBT de Hernandarias, no domingo (29), terminou com três manifestantes feridos. Os integrantes da marcha foram atacados com pedras, ovos e rojões por um grupo de moradores que se intitula Pró-Vida e Pró-Família.
A manifestação, promovida pela organização “Diversxs Alto Paraná", saiu às ruas mesmo com a "proibição" por meio de resolução assinada pelo prefeito Rubén Rojas.
Depois dos atos de violência, o prefeito disse, em entrevista à rádio ABC Cardinal, de Assunção, que não incitou os ataques, mas que "para toda ação há uma reação". "Essa gente (referindo-se à comunidade LGBT) em nenhum momento nos respeitou".
Uma das participantes da caminhada, Franchesca Galati, connhecida empresária transexual da região, lamentou a situação, dizendo que a intenção era uma mobilização pacífica.
“Nós viemos para uma marcha pacífica por nossa comunidade LGBT em Hernandarias. Fomos agredidos, alguns de nossos companheiros terminaram ensanguentados", lamentou.
Violência
A caminhada do grupo LGBT de Hernandarias foi na avenida gastronômica, sob forte proteção policial. Mesmo assim, durante o trajeto os manifestantes sofreram agressões, além de muitos xingamentos.
Ao encerrar a parada, o grupo pretendia festejar num salão, mas os moradores tentaram impedir, de todas as formas. E continuaram as agressões verbais, agora de ambas as partes.
Rolando Vallejos, da Associação de Católicos Pela Vida, disse que não havia intenção de agredir ninguém, mas que não aceita "atos exibicionistas" em público.
"Nós os respeitamos como pessoas, nunca agiremos com violência contra eles. Seus atos exibicionistas e imorais, eles podem fazê-los em particular, sem nenhum problema, mas quando fazem em público e querem dizer que isso é normal, aí nós vamos nos defender", disse Vallejos.
Os grupos contrários à manifestação LGBT estavam divididos. Enquanto um setor pedia que não houvesse violência, que não se jogassem pedras, de outro lado um grupo radical pretendia a todo custo acabar com a Parada LGBT. .
A resolução assinada pelo prefeito Rubén Rojas não impedia verbalmente a Parada LGBT, mas fazia isso de forma indireta, ao declarar Hernandarias como "pró-vida e pró-família", termos que não incluem opções sexuais.
A Constituição do Paraguai permite todo tipo de manifestação pacífica, mas, para o prefeito, é dever dele "proteger as crianças". "Em nossa comunidade, é necessário que nós protejamos nossas crianças. (…) Alguém tem que fazer alguma coisa, o mundo vai acabar se continuamos assim. Vamos contra as leis da natureza", afirmou o prefeito.
Na versão on line do jornal Vanguardia, de Ciudad del Este, a maioria dos leitores aprovou a reação contra a comunidade LGBT. Um deles disse, por exemplo, que o Paraguai precisa "de um presidente como Vladimir Putin (da Rússia)", país onde os gays não têm direito algum.
Outro disse que o Paraguai tinha que ficar ao lado da Arábia Saudita. Lá, a homossexualidade e a transgeneridade são punidas com prisão, flagelação, chicotadas e até pena de morte.
Entre os leitores do jornal ABC Color, de Assunção, a maior parte dos que se manifestaram é favorável ao prefeito de Hernandarias, mas há uma proporção maior, em relação ao Vanguardia, de leitores que defendem a comunidade LGBT.
Uma leitora, por exemplo, lembrou a "incoerência" de se preocupar com a orientação sexual de outras pessoas, quando "há crianças que vivem na rua, pais abusadores e adolescentes drogadictos em suas próprias famílias".
Fontes: ABC Color e Vanguardia
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