
H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta
A penitenciária de Porto Velho, em Rondônia (o "velho Oeste" brasileiro) é uma das prisões mais duras do mundo. Tacumbú, em Assunção, a maior penitenciária do Paraguai, também faz parte da lista. Em qual delas a vida é mais difícil?
A série britânica “Inside The World’s Hardghest Prisons” (no Brasil, "Por dentro das prisões mais severas do mundo"), apresentada pela Netflix, chega no dia 29 deste mês à quarta temporada, quando um de seus episódios vai apresentar ao público mundial o presídio de Tacumbú.
Na segunda temporada, um dos episódios mostrou a penitenciária de Porto Velho, em Rondônia. Tanto esse episódio, intitulado "Brasil: a prisão das gangues", quanto o de Tacumbú, são reportagens do jornalista investigativo britânico Raphael Rowe.


O jornalista sabe do que fala: Raphael passou 12 anos numa penitenciária em Londres, acusado de homicídio e de ser o líder de uma quadrilha de assaltantes. Condenado à prisão perpétua, foi liberado em 2000, depois que advogados comprovaram sua inocência.
A vida não será fácil para Raphael em Tacumbú, assim como ele sentiu medo ao se deparar com as condições da penitenciária de Porto Velho, onde os presos aderem a uma das facções criminosas, Comando Vermelho ou Primeiro Comando da Capital, e a partir dali se digladiam, numa luta que pode acabar em cabeças cortadas.

O crime organizado também está presente em Tacumbú, não por acaso levado por grupos brasileiros. Raphael Rowe fala sobre Tacumbú numa chamada em redes sociais: “Penintenciária de Tacumbú, Paraguai, uma das prisões mais perigosas da Terra. Superlotada, (onde) centenas de prisioneiros dormem sob ameaça de uma violência aberta e mortal e as drogas são um modo de vida".
Ele apresenta um dos presos e conta: "Este homem dorme com uma faca para se proteger dos outros presos. Eu não podia acreditar quandao ele me mostrou". E pergunta: "Quer saber por quê?", junto com uma imagem dele com o preso. A gente imagina.
Raphael Rowe e outro repórter do seriado já passaram por diversas prisões no mundo, além de Porto Velho: La Reforma (Costa Rica), Cárcel Distrital (Colômbia), Zhytomyr (Ucrânia), Bomana (Papua Nova Guiné), Prisión Central (Belize), Craiowa (Romênia) e Halden (Noruega).

Ao contrário de todas as outras, construídas e pensadas para punir quem comete crimes, a prisão norueguesa (vale assistir) foi feita para a recuperação de detentos e para que voltem à sociedade como outras pessoas. Como se consegue uma taxa de recuperação de 70%? Só vendo.
Quer mais uma descrição do que Raphel Rowe encontrou em Tacumbú? O jornal La Nación viu as chamadas e trouxe esta:
"Existem tipos muito diferentes de prisioneiros. No fundo da pilha, os mais pobres procuram no lixo da prisão restos de comida para cozinhar e vender para outros prisioneiros, enquanto os traficantes de drogas mais ricos administram seus cartéis com violência assassina. Em suas celas, desfrutam de uma vida de luxo na prisão".
Qual é pior? Talvez a resposta esteja em qual país tem mais desigualdade, em qual país o crime está mais organizado, qual país oferece mais oportunidades a seus filhos e filhas… Mas fica então a questão: qual sociedade (ou a elite desta sociedade) é mais cruel, a brasileira ou a paraguaia?
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