Por Assessoria
Em comemoração ao dia 24 de junho, Dia Nacional da Araucária, o Parque das Aves reforça seu apoio à proteção do ecossistema chamado de Mata de Araucárias, que integra o bioma da Mata Atlântica, e chama atenção para o iminente risco que a araucária (Araucaria angustifolia), ou pinheiro-brasileiro, e as aves que dependem dela correm.
Além do trabalho de educação ambiental realizado dentro do Parque das Aves, com as placas informativas e o apoio dos educadores em trilha, o atrativo apoia financeiramente projetos de conservação de aves que dependem da araucária, como o Projeto Charão, que em 2018 criou a Reserva Particular do Patrimônio Nacional (RPPN) Papagaios de Altitude, uma área florestal de 46 hectares na qual o papagaio-charão (Amazona pretrei) e o papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea), dentre outras espécies, encontram um ambiente natural com araucárias para se alimentarem.
A importância desse projeto está no fato de muitas aves, além de outros animais, dependerem da mata das araucárias para sobreviver. O papagaio-charão se alimenta principalmente do pinhão, semente da árvore, durante as estações de outono e inverno.
Segundo Paloma Bosso, diretora técnica do Parque das Aves, a escassez do principal alimento que compõe a dieta da ave nessa época do ano caracteriza uma importante ameaça à conservação dessa espécie, já atualmente considerada vulnerável à extinção e com tendência ao declínio populacional.
“As ações do projeto na região consistem em seguir aprimorando as atividades de pesquisa e educação ambiental que favoreçam tanto a conservação do papagaio-charão quanto das florestas com araucária. Uma importante vantagem do local da RPPN é que ele possibilita ampliar ações educativas, seja com a comunidade local ou com os turistas, que massivamente visitam a região no período do inverno”, comenta Paloma.
O Projeto Charão, desenvolvido há mais de 25 anos pela Associação Amigos do Meio Ambiente (AMA), em parceria com pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Passo Fundo (ICB/UPF), é coordenado pelos professores Jaime Martinez e Nêmora Prestes.
Outro esforço apoiado pelo Parque é o Programa Nacional para a Conservação do Papagaio de Peito Roxo, ave que também depende desse ecossistema, e para a qual há um censo anual visando saber quantos desses animais existem na natureza e em quais locais.
Em 2018, o Parque das Aves colaborou com a contagem de papagaios em Urupema (SC) e Joaíma (MG). Além disso, o Instituto Espaço Silvestre possui um projeto de reintrodução de papagaios-de-peito-roxo resgatados do tráfico de animais ou cativeiro ilegal no Parque Nacional das Araucárias (SC). Como parceiro do projeto, o Parque das Aves já enviou três papagaios-de-peito-roxo para serem treinados e então reintroduzidos no local.
Aves migratórias
O papagaio-charão é um exemplo de ave migratória da Mata Atlântica. Eles migram do Rio Grande do Sul até a região da Serra Catarinense em busca de pinhões e depois retornam ao seu local de origem para se reproduzir.
Paloma conta que durante o voo, o papagaio-charão derruba os pinhões e outros alimentos, contribuindo assim com a dispersão de sementes e o consequente plantio de novas araucárias. Um dos momentos mais lindos é a observação do encontro dos papagaios em seus locais de dormitório, evento este que ocorre diariamente no final da tarde, no qual é possível ver quase 20 mil papagaios pousando nas araucárias de Urupema.
“As aves que migram anualmente na busca sazonal por melhores recursos, como o papagaio-charão, estão entre os símbolos da necessidade de proteger a biodiversidade e os ecossistemas através e além das fronteiras geográficas”, diz Paloma.
Proteção da araucária
As araucárias são árvores que ocorrem majoritariamente no sul do Brasil. De formato único, sua copa lembra uma taça ou guarda-chuva. Por suas características e restrita distribuição, é considerada como criticamente ameaçada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês).
Hoje resta muito pouco do pinheiro-brasileiro, que foi quase totalmente dizimado por sua madeira ter alto valor comercial. Paloma conta que a criação de RPPNs é fator fundamental para manutenção da espécie viva na natureza, visto que os pedaços originais de floresta dominante do sul do Brasil foram amplamente devastados pelo ciclo de exploração, transformando a paisagem natural em terras com agricultura e pecuária.
Para se ter ideia, no Paraná, que tem a araucária como símbolo, a espécie cobria 40% do território. Hoje, restam apenas 3% de sua área original, incluindo florestas exploradas e matas em regeneração. Em Santa Catarina, a cobertura de Mata de Araucária chegava a 30% e, no Rio Grande do Sul, 25%.
“O papagaio-charão é hoje classificado como vulnerável e o principal fator da diminuição da espécie foi a grande destruição das florestas de araucárias pela atividade madeireira”, finaliza Paloma.
Sobre o Parque das Aves
Com 25 anos de atuação e 230 colaboradores, o Parque das Aves é a única instituição do mundo focada na conservação de aves da Mata Atlântica. Possui 16 hectares de mata restaurada, com 1.400 aves e 140 espécies diferentes, com viveiros de imersão e borboletário. O objetivo do Parque é atuar investindo significativamente para criar um impacto positivo para aves da Mata Atlântica. O Parque das Aves recebe 830 mil visitantes por ano, sendo o primeiro atrativo mais visitado em Foz do Iguaçu depois das Cataratas.
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