O ex-presidente Horacio Cartes cobra o preço por ter contribuído fortemente para evitar o impeachment do presidente Mario Abdo Benítez: quer troca-troca nos ministérios.
Cartes considera que, como os 43 deputados do Partido Colorado votaram contra o juízo político do presidente, os ministros devem ser todos do partido.
O ex-presidente diz que não pediu cargos, mas espera do governo "sinais" como mostra de reconhecimento aos favores recebidos dos colorados para lhe dar governabilidade.
Pessoas ligadas a Cartes dizem que estão na mira ministros que não são idôneos ou que foram reprovados em suas gestões, mesmo alguns colorados.
Entre eles, Liz Cramer, ministra de Indústria e Comércio; Eduardo Petta, ministro da Educação; Arnoldo Wiens, ministro de Obras Públicas; Denis Lichi, ministro da Agricultura; e Juan Ernesto Villamayor, ministro do Interior.
Mas, no total, há 14 cargos de interesse do cartismo, o que inclui dez ministros que ocupam cargos de responsabilidade na luta contra a corrupção, o contrabando e a lavagem de dinheiro. Na maioria, são pessoas de perfis técnicos, sem filiação ao Partido Colorado.
É o caso, por exemplo, do ministro Arnaldo Giuzzio, da Secretaría Nacional Antidrogas (Senad), e de René Fernández, da Secretaria Nacional Anticorrupção, entre outros. Fernández, inclusive, foi o promotor que investigou o caso Dario Messer, amigo de Cartes e acusado de lavagem de dinheiro pela Justiça do Brasil.
A mudança nos ministérios "é poder do presidente, mas acho que ele tem que dar sinais, o país tem pessoas muito boas, há colorados muito bons que são esquecidos. Para mim, não tem que haver (nos ministérios) pessoas que não são do partido, que aliás sempre foram contra o partido, ofendendo, denegrindo e que hoje ocupam posições de confiança. Esperemos sinceramente por sinais, vamos dar, estamos dando sinais e continuaremos a dar sinais, mas também estamos esperando ”, disse Cartes na terça-feira, em sua casa.
Nesta quinta, 28, o presidente Mario Abdo Benítez disse que "vai escutar a todos". Mas garantiu: "não vou delegar minha atribuição de presidente da República. Eu posso escutar de todos as sugestões, sou uma pessoa aberta, mas as decisões quem vai tomar é o presidente", afirmou.
Abdo e Cartes mantêm um pacto para dar governabilidade ao Executivo depois da polêmica provocada no Paraguai com a assinatura da Ata Binacional, em que a Ande e a Eletrobras firmaram acordo para compra da potência da usina de Itaipu. A ata foi anulada, mas o presidente ficou fragilizado e por pouco não foi a juízo político – leia-se, impeachment.
Fontes: Última Hora e ABC Color
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