
Números divulgados pelo Banco Central do Paraguai (BC) mostram que a economia paraguaia fechou o segundo trimestre deste ano com uma queda de 3%. O primeiro trimestre já tinha um resultado negativo, de 2,5%.
O país foi o único da região, sem considerar Bolívia e Equador, que teve resultado negativo do Produto Interno Bruto no segundo trimestre.
Vale lembrar, antes mesmo das explicações oficiais, que o Paraguai enfrentou uma grande cheia do Rio Paraguai, que desalojou milhares de pessoas, muitas das quais até hoje vivendo em abrigos provisórios; uma seca intensa, que prejudicou a soja (cujos preços, ainda por cima, caíram no mercado internacional) e a produção de carne.
Tudo isso seguido de incêndios florestais, que também prejudicaram a produção de gado, em algumas localidades, e trouxeram prejuízos econômicos sérios, além dos ambientais.

Desde 2009
Com exceção de serviços, todos os setores tiveram redução nos níveis de produção, encabeçados por eletricidade e água, junto com construção civil, ambos com queda de 12%. A atividade baixou ainda nos setores agropecuário e industrial. A arrecadação de impostos também foi menor.
A última vez em que houve uma queda trimestral maior foi em 2009, de abril a junho, com uma variação negativa de 3,5&%. Aquele ano fechou com uma queda de 0,3% no Produto Interno Bruto.
Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, a diminuição do PIB, este ano, foi de – 0,9% no primeiro trimestre e de – 0,1% no segundo.
Estiagem
O economista chefe do BCP, Miguel Mora, disse que a situação econômica do Paraguai foi prejudicada principalmente pela menor produção de soja e também pela redução na geração de eletricidade, ambas prejudicadas pela seca insistente, que prejudicou a colheita e baixou o nível do Rio Paraná, onde estão as binacionais Itaipu (Brasil-Paraguai) e Yacyretá (Paraguai-Argentina).
A construção civil e a indústria manufatureira, responsáveis por grande geração de mão de obra, tiveram resultados negativos. No caso da construção, segundo Miguel Mora, foi o excesso de chuvas nos primeiros meses do ano o principal responsável, por impedir o desenvolvimento normal das obras, tanto públicas como privadas.
As exportações e importações diminuíram 4,5% e 4,4%, respectivamente, em relação ao segundo trimestre de 2018.
Brasil e Argentina
O BCP nada falou, mas há ainda outro fator que prejudicou o Paraguai, este ano: a economia em crise nos seus dois maiores vizinhos e principais parceiros comerciais, Brasil e Paraguai, que reduziram as compras de produtos paraguaios.
Além disso, as cidades de fronteira do Paraguai com a Argentina viram o sumiço dos compradores, que formavam longas filas para atravessar pontes para buscar mercadorias no comércio paraguaio. Na fronteira com o Brasil, cidades como Ciudad del Este, Pedro Juan Caballero e Salto del Guairá também viram minguar o número de turistas.
Tudo somado, a perspectiva para o Paraguai, este ano, é de recessão, se o resultado do terceiro trimestre também for negativo, como já é esperado.
Fonte: Última Hora
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