Cada vez mas brasileiros procuram clínica de Ciudad del Este para tratamento com células-tronco

Mas site especializado recomenda avaliar bem os riscos antes de se decidir por um tratamento caríssimo.

H2FOZ

No Brasil, o tratamento com células-tronco ainda não foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa. A exceção é para leucemia e outros tipos de câncer.

Pra quem tem esperança de conseguir um tratamento do gênero, o Paraguai, aqui pertinho, é uma das referências mundiais. Os outros são a China, a Tailândia e o México.

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Muitos pacientes com doenças como paralisia de membros, paralisia cerebral, lesão medular, distrofia e problemas de visão veem o tratamento com células-tronco como última esperança. Muitos, inclusive, entraram na Justiça para garantir que o governo custeie a viagem à Tailândia, especialmente, e o tratamento.

Agora, tem Ciudad del Este, destino descoberto por brasileiros mais recentemente. Na imprensa, há vários casos de pacientes brasileiros atendidos no Hospital Clinical Center, que oferece o tratamento da PanAm Steel Cell para o Paraguai e toda a América Latina.

Por sinal, os dois médicos responsáveis pelo hospital são brasileiros: a biomédica Bábyla Geraldes Monteiro e o médico Carlos Alberto Samudio, que já atendeu no Hospital Costa Cavalcanti por oito anos.

Nos jornais

Opção mais barata do que a Tailândia, o atendimento a brasileiros no Paraguai virou notícia em vários casos, como o da menina Lorea Victoria Camilo Miranda, de 4 anos, do interior de São Paulo, que iniciou o tratamento este ano; do Maicon, de ibiporã, que padece de doença degenerativa; do mineiro Thiago Henrique Linhares; e do paranaense de Reserva Leandro Souza de Lima, que sofre de distrofia muscular.

Todos já sentiam alguma melhora. E todos, também, receberam ajuda de familiares, de vizinhos ou conseguiram os recursos em "vaquinhas" on line.

Porque, mesmo no Paraguai, o tratamento é caro. Só para o Leandro, por exemplo, que se trata desde 2016, já haviam sido arrecadados R$ 136 mil.

As controvérsias

O site Tudo sobre Células Tronco, que mostra os avanços nas pesquisas e os tratamentos com esta técnica, lembra que os tratamentos podem custar entre R$ 70 mil e R$ 200 mil, e que antes de se procurar este recursos, é preciso pesquisar, ouvir médicos, avaliar os riscos.

Lembra o site que "não existe tratamento sem riscos ou sem efeitos colaterais: até uma simples aspirina pode ser fatal". 

No caso das células-tronco, prossegue, está=se lidando com células vivas. O risco, por exemplo, é de que, em vez de irem para onde deveriam, migrem para outros pontos do corpo, sem que seja possível eliminá-las.

O site conta alguns casos de tratamentos que terminaram mal. O americano Jim Gass foi usou células-tronco contra um AVC que havia paralisado seu braço e perna esquerdos e acabou desenvolvendo um tumor na coluna que o deixou paraplégico.

Uma paciente americana fez um tratamento estético com células-tronco na face, mas essas células migraram para os seus olhos, onde se diferenciaram em células formadoras de tecido ósseo.

Outra paciente americana se submeteu a injeções com suas próprias células-tronco para curar uma lesão medular, mas as células geraram um tumor produtor de muco na região da medula. 

"Mesmo após o diagnóstico de uma doença grave, um paciente ainda pode ter muito a perder ao se submeter a um tratamento com células-tronco não aprovado", diz o site.

"A principal arma das clínicas vendendo tratamentos não aprovados de células-tronco são relatos de casos de pessoas que supostamente se beneficiaram do tratamento."

Conselhos antes de se deixar convencer, de acordo com "Tudo sobre Células Tronco" (veja aqui

– Em muitos casos, a suposta melhora é subjetiva ou pouco clara. O paciente relata “ter um pouco mais de sensibilidade nas pernas” ou se sentir “menos cansado”. Mesmo que a sensação de melhora seja real, é um benefício, na melhor das hipóteses, muito limitado para o tamanho dos riscos.

– Efeito placebo é real. Ele é tão importante que em todos os ensaios clínicos sérios sempre se dá um tratamento “de mentira”, para ser comparado com o tratamento sendo testado. Certos problemas de saúde, como dor e depressão, por exemplo, sabidamente respondem com frequência ao tratamento placebo. Por isso, é preciso ouvir com cautela relatos de melhora após qualquer tratamento que não foi rigorosamente comparado com um tratamento placebo.

– É importante levar em consideração o curso da doença. Um paciente que sofre um acidente vascular cerebral (AVC) e se submete a um tratamento com células-tronco meses depois, provavelmente vai experimentar melhora no seu quadro clínico. Isso é esperado porque é o curso próprio do AVC: os pacientes tendem a melhorar progressivamente até dois anos após o acidente, com ou sem terapia com células-tronco.

As clínicas divulgam os casos de sucesso, mas não os de insucesso. Não é possível saber exatamente quantas pessoas foram tratadas, e o que aconteceu com cada uma delas. Para cada paciente que passa bem após o tratamento, quantos pioraram?

Por fim, as clínicas normalmente submetem os pacientes a tratamentos paralelos, como fisioterapia, câmera hiperbárica e alterações na dieta, dentre muitos outros. 

Se um paciente melhora, é impossível dizer quais elementos de fato influíram nessa melhora. Ao realizar tantos tratamentos ao mesmo tempo, essas clínicas tornam difícil identificar o que de fato funciona para aquele paciente. Se apenas um desses tratamentos é o responsável pela melhora nos sintomas, os demais procedimentos são apenas um gasto desnecessário de tempo e dinheiro.

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