
Paulo Bogler – OPINIÃO
Aos cem dias do prefeito Joaquim Silva e Luna (PL), o balanço oficial. No checklist que trouxe a público, a gestão municipal de Foz do Iguaçu emenda ações em andamento, como o combate à dengue e a limpeza urbana, bem como políticas públicas correntes, a exemplo do pagamento do cartão do material escolar, com projeções e projetos de porvir.
Sublinha, palavra mais, palavra menos, que uma das virtudes desse governo é o compromisso do governador Ratinho Junior (PSD) de investir R$ 500 milhões em obras estruturantes em Foz do Iguaçu. O dinheiro, assim, prossegue, deverá ir para mobilidade, meio ambiente e melhoria da infraestrutura urbana, de acordo com o que foi informnado.
Esse destaque é revelador da altura da expectativa com o governo estadual. Mais ainda, contudo, permite a leitura de que o sucesso de Silva e Luna no Palácio das Cataratas, ao menos em médio prazo, depende estreitamente de Ratinho Junior: de recursos liberados. A saber qual será o cronograma efetivo, já que o tempo da população e da política costuma não guardar sintonia.
A saúde pública é o principal gargalo. A sensação de aumento da insegurança está implícita. Obras estruturais são necessárias para melhorar o deslocamento das pessoas dentro da cidade. São três áreas, poderiam ser mais, que impactam a qualidade de vida e que passam pela atuação e investimentos do Governo do Estado.
Ao fechar a conta da primeira centena de dias à frente do Palácio das Cataratas, Silva e Luna não menciona Itaipu Binacional nem governo federal. São entes de relevo devido à condição de fronteira. Com efeito, dobra a aposta no parceiro escolhido como prioritário, o governador, que nos últimos anos surfa em grandes obras locais que não saíram do caixa estadual.
Até que a grandiosidade da cifra de R$ 500 milhões efetivamente vire realizações, o que bate à porta são problemas velhos e conhecidos. No primeiro cento de Silva e Luna, as reclamações na saúde permanecem diárias, rodoviários ameaçam parar os ônibus e professoras sairão às ruas cobrar promessa salarial de campanha.
O ciclo de cem dias de um governo influencia o imaginário coletivo, embora não seja determinante nem suficiente para definir sucessos ou fracassos. É o tempo, todavia, para ampliar o campo político pós-eleições e mitigar frações ou perdas de coligados – a administração soma duas trocas no primeiro escalão.
O período é suscetível à impressão de uma marca, o jeito de administrar para tirar do papel o que está comprometido com o cidadão. Vai além de slogan, sendo um posicionamento que norteia a conduta de auxiliares e do exército de aliados, remunerados pelo erário ou não, que circundam toda gestão.
O que mudou? Esse é o exercício que faz a população, enquanto tateia elementos que possam diferenciar a governança que se instala da anterior, que já cumprira o prazo no poder. A resposta deve atender 200 mil votantes – ou 285 mil moradores –, o que é bem mais do que 73.522 eleitores que deram a Silva e Luna a vitória no primeiro turno do pleito de 2024.
Paulo Bogler é jornalista e repórter do H2FOZ.
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