Estão sendo selecionados cachorros de qualquer raça; hospital veterinário 24 horas oferece suporte clínico e laboratorial.
Pesquisa inédita no Brasil avalia o tratamento com extrato de Cannabis sativa em cães diagnosticados com osteoartrite. A iniciativa da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) visa a verificar se a substância possui efeitos analgésicos e anti-inflamatórios, a fim de oferecer mais qualidade de vida aos animais com a doença.
O estudo quer aferir se as substâncias da planta reduzem a inflamação e a dor, além de melhorar a locomoção dos cães portadores da doença, que é bastante comum em animais com idade avançada. Os pesquisadores da Unila indicam que a osteoartrite atinge cerca de 80% dos cachorros acima dos 8 anos.
Estão sendo selecionados pelo menos 24 cães para o estudo, de qualquer raça, com diagnóstico comprovado de osteoartrite. Tutores interessados em inscrever os seus animais devem entrar em contato pelo e-mail laricanvet@gmail.com ou pelo WhatsApp (45) 99151-9740. A participação é gratuita.
O Hospital Veterinário Popvet é parceiro na pesquisa ofertando espaço para as avaliações clínicas e exames laboratoriais e de imagem necessários ao desenvolvimento do estudo. O hospital, por atender 24 horas, também disponibiliza sua equipe de profissionais, contribuindo em eventuais necessidades de saúde relativas à pesquisa, trazendo segurança aos pacientes e tutores.
O Hospital Veterinário Popvet tem como responsável técnica a médica-veterinária Amanda Furjan Rial, inscrita no CRMV/PR sob o número 10066.
Dor crônica
A osteoartrite resulta do envelhecimento das articulações e causa dor crônica. A médica-veterinária Neide Griebeler, mestranda em Biociências na Unila (profissional inscrita junto ao CRMV-PR sob o número 17246), explica que os tratamentos disponíveis atualmente não são muito efetivos e causam diversos efeitos colaterais.
“Os pacientes normalmente apresentam alterações renais, hepáticas e gástricas, e não conseguimos ter um bom manejo da dor”, destaca. “Então, a Cannabis pode ser uma alternativa para trazer mais qualidade de vida e, talvez, até uma regeneração articular”, explica Neide, que atualmente trabalha como anestesista veterinária.
Pioneirismo
A pesquisa é pioneira no Brasil. “Existem diversos estudos em humanos que mostram que os canabinoides possuem efeitos analgésicos e anti-inflamatórios. Nossa ideia agora é verificar se esses efeitos podem ser verificados também nos cães”, salienta o professor Francisney Nascimento, coordenador do Laboratório de Cannabis Medicinal e Ciência Psicodélica da Unila.
Desde 2017, o laboratório realiza pesquisa clínica sobre atividades farmacológicas da Cannabis sativa em doenças neurológicas, reumatológicas e psiquiátricas.
Legislação
Também faz parte do estudo o mestrando em Biociências Ricardo Penayo Cremonese (inscrito no CRF/SC 10883), farmacêutico que irá analisar o perfil de segurança do canabidiol (CBD) e do tetraidrocanabinol (THC) – substâncias químicas canabinoides que apresentam efeito terapêutico – em cães no longo prazo.
O pesquisador sublinha que o estudo em Foz do Iguaçu poderá ajudar a embasar a legislação nacional – que, atualmente, tem lacunas sobre o uso veterinário da substância, de acordo com a Unila.
“No Brasil, temos um grande número de veterinários que prescrevem Cannabis para cães, principalmente em casos de epilepsia, dor e agitação. Porém não existe legislação específica para animais no que se refere à fabricação desses produtos e, muito menos, em relação à prescrição”, diz Ricardo Cremonese.
Sobre a pesquisa
O estudo é autorizado pelo Comitê de Ética e Uso de Animais (CEUA) e está sendo realizado no Laboratório de Cannabis Medicinal e Ciência Psicodélica da Unila, em parceria com o Hospital Veterinário Popvet, de Foz do Iguaçu, e a Associação Santa Cannabis, de Florianópolis.
(Adaptado do texto da assessoria da Unila)
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