Animal não é coisa: Dezembro Verde alerta sobre aumento do abandono e maus-tratos nas férias

Noely Cassini, da ONG Vida Animal, explica a campanha de proteção; pessoas negligentes viajam para curtir férias e deixam cães e gatos na rua ou sem cuidados em casa.

O cuidado com o pet deve ser diário, em todo o ano. No último mês do calendário, a campanha Dezembro Verde conscientiza e envolve a sociedade no combate ao abandono e aos maus-tratos contra animais, especialmente cães e gatos.

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Isso porque nas férias, de dezembro a fevereiro, aumenta expressivamente o número de abandonos, explicou Noely Cassini, da ONG Vida Animal, de Foz do Iguaçu. Ela foi entrevistada no programa Marco Zero.

Assista à entrevista:

“A campanha Dezembro Verde chama a atenção da sociedade para esse fato.” Perguntada sobre o motivo desse aumento, a protetora não titubeou: “Há pessoas que são covardes, omissas e egoístas”, asseverou.

“Querem tirar suas férias, fazer viagens e não querem pagar um hotel ou uma pessoa que vá à sua residência, nem querem pedir para que algum familiar o faça”, disse Noely. Quando voltam da viagem, adotam novamente um animal, e o ciclo segue, pontuou.

A orientação é muito simples: “As pessoas devem conscientizar-se de que animal não é coisa”, declarou a voluntária. Os tutores dos animais são responsáveis pelo bichinho, que é parte da família e do convívio.

Ao viajar, explicou Noely Cassini, a pessoa deve deixar água, comida e acesso ao local para que um familiar, amigo ou vizinho faça o acompanhamento do animal. “E temos creches e hotéis em Foz do Iguaçu. Tem que incluir no gasto da viagem o cuidado com o animal”, frisou.

A diretora da associação protetora lembra que as férias poderão tornar-se um problema muito sério para quem abandona os animais para viajar caso a situação seja denunciada e comprovada. “E para o animal nem se fala, coitadinho”, lembrou.

Caracteriza abandono toda ocorrência em que o animal é retirado de dentro do seu espaço para ser deixado na rua. Está incluído o abandono dentro da residência, quando a pessoa não presta os cuidados necessários. “Isso é abandono e maus- tratos”, salientou Noely.

Abandono e maus-tratos são crimes previstos na Lei n.º 9.605. Já a Lei n.º 14.064, entre outras regras, aumenta as penas quando se consegue identificar o responsável por essa prática cruel contra animais.

Calor intenso e fogos

No Marco Zero, Noely Cassini enfatizou que os animais sofrem muito com o calor de Foz do Iguaçu. É necessário mantê-los em local arejado, na sombra, com pote de água limpa e fresca, e jamais preso – acorrentar é crime e gera multa.

Nas festas de fim de ano, é preciso redobrar o cuidado. “Apesar da lei contra a soltura de fogos com ruído estar em vigor, tem os desavisados e os abusados que ainda soltam. Mantenha cuidados especiais para evitar as fugas dos animais nessa época”, reforçou.

Políticas públicas

A integrante da ONG Vida Animal afirmou que as castrações bancadas pelo município estão atrasadas há quase um ano, com dinheiro disponível desde o início de 2022. “Essa política não andou. Foi agora para licitação, publicado em Diário Oficial”, narrou.

“Durante todo esse período com o dinheiro parado, e o número de fêmeas prenhas aumentou consideravelmente e, consequentemente, o abandono de ninhadas”, comentou, lembrando que o mutirão recente no CTG Charrua foi do Governo do Paraná. “Foi um descaso, esperamos que daqui para frente as coisas andem de forma diferente”, criticou Noely Cassini.

Ela falou ainda que outra demanda das protetoras iguaçuenses é pelo suporte de clínicas, que poderiam ser contratadas para atender as protetoras, as quais cuidam de dois mil animais em Foz do Iguaçu. Essa parceria, disse, poderia ser via licitação do município.

Conscientização

A protetora explicou que as pessoas devem evitar adoção por impulso, para não ocorrer devolução e abandono do animal. Recomendou que a pessoa interessada em adotar avalie, antes, se possui espaço físico e condições financeiras para cuidar do pet, e se o companheiro fará sentido para o convívio nos próximos anos.

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