Semana de chuva e de temperaturas menos ‘calientes’. Fim da seca alivia até a conta de luz

Reservatórios em lenta recuperação, tanto os das hidrelétricas como os que abastecem a população, são sinal de que o verão pode ser generoso.

Antes de se alongar sobre o tema seca x chuva, a informação do dia: todos os serviços de meteorologia preveem chuva para a semana inteira, até sexta ou mesmo sábado.

Com a chuva contínua, a temperatura tende a se manter mais amena que na semana passada. Nesta terça, por exemplo, a máxima pode ficar até em 23 ou 24 graus.

De acordo com o Simepar, o acumulado de chuva na semana pode chegar em 40 milímetros. Uma quantia razoável, sem dúvida, embora seja preciso bem mais ao longo do mês.

Por serviço, vejamos como são as previsões:

Simepar: nesta terça, 5, temperatura máxima de 23 graus. Vai subir nos próximos dias, mas sem passar dos 30 graus (29 graus quarta, 30 quinta e 27 sexta). E chove de hoje a sábado.

AccuWheater: chove hoje, na quarta e na sexta (na quinta, trovoadas). A temperatura máxima só passa de 30 graus na quarta (32), depois volta a níveis menos calientes.

Inmet: chuva desta terça a sábado, sem exceção. O Inmet prevê temperaturas um pouco acima dos 30 graus, mas inferiores às da semana passada.

Climatempo: máxima hoje de 24 graus. De quarta a sábado, a máxima não chega aos 30 graus (26 na quarta, 28 graus na quinta e sexta e 29 graus no sábado). E chove durante toda a semana.

CPTEC/Inpe: chove de hoje até o sábado. Até sexta, temperaturas máximas abaixo de 30 graus (hoje, apenas 23). De sábado em diante, mais calor e menos ou nada de chuva.

VOLTA DAS CHUVAS ALIVIA O BOLSO

Infográfico preparado pelo G1 detalha como funcionam as bandeiras tarifárias.

Quando você olha pro céu cinzento e, principalmente, quando cai uma boa chuva, é como se o seu bolso sofresse um alívio quase imediato. Principalmente se esta situação climática se prolongar.

Simples: períodos chuvosos garantem a recuperação dos reservatórios das usinas hidrelétricas. E é quase automático: depois que os reservatórios estão mais cheios, diminui a preocupação com o abastecimento de eletricidade e é reduzida a utilização de usinas térmicas, cuja energia é bem mais cara. Resultado: a bandeira da conta de luz muda de cor.

Quando está vermelha, como em dezembro, o custo é maior pro consumidor: R$ 6,20 a mais a cada 100 quilowatts consumidos. Na bandeira amarela, essa cobrança excedente cai para R$ 1,34; na verde, não há custo extra. Pois, em janeiro, já está decidido: a conta volta à bandeira amarela.

No Paraná, a média de consumo de uma família é de 161 KWh por mês. A economia com a mudança de bandeira, de vermelha para amarela, não é grande, mas são quase R$ 6,00 que permanecem no bolso. O iguaçuense economiza ainda mais, já que o consumo de eletricidade, por aqui, é de 223 KWh por mês, bem mais alto que a média paranaense, devido principalmente ao uso do ar condicionado e ventiladores, no verão.

Se a recuperação dos reservatórios continuar no mesmo ritmo, em fevereiro pode vir a bandeira verde, com alívio ainda maior para nossas cada vez mais combalidas rendas familiares.

O QUE FOI ESTA LONGA SECA

Pra dar uma ideia do que foi a seca enfrentada em 2020, basta lembrar que a usina de Itaipu, aquela que sempre bateu recordes de produção, teve uma performance bem inferior no ano passado. Apesar de todos os cuidados para aproveitar ao máximo possível a água que chegava ao reservatório, Itaipu gerou energia suficiente apenas para honrar seus contratos com o Brasil e o Paraguai: 79.444 mil megawatts-hora (MWh) – ou 79.444 gigawatts-hora (GWh).

Desde 1996, a usina produz acima de 80 milhões de MWh. Na média desses anos, ficou acima de 90 milhões de MWh anuais. Em 2018, um ano excepcionalmente positivo para o setor elétrico, atingiu o recorde mundial de produção, com 103.098 mil MWh.

Mas houve uma exceção. Em 2001, uma longa estiagem reduziu a geração para 79.307 mil MWh. Foi um ano de apagões, de uma crise praticamente sem precedentes para a produção de energia do País, que só contava basicamente com hidrelétricas. Sem água, não havia jeito: racionamento e apagões.

O PIOR ANO

O reservatório de Itaipu recebeu menos água em 2020. E a usina fez milagres pra aproveitar cada gota. Foto Alexandre Marchetti

Mas 2020, já com térmicas e eólicas para compensar a falta da energia das hidrelétricas, foi pior que 2001, para Itaipu. Naquele ano, a usina binacional ainda contava com apenas 18 unidades geradoras. Sua capacidade era de 12.600 megawatts.

Outras duas foram instaladas e entraram em funcionamento em 2006 e 2007, aumentando a capacidade para 14 mil megawatts. Depois de contar com as 20 unidades, 2020 foi o ano de menor produção da história de Itaipu.

A área técnica da usina teve que se desdobrar para bater recordes de produtividade e transformar cada gota de água em energia. E, ainda, por duas vezes precisou atender emergencialmente os vizinhos paraguaios e argentinos, que precisavam de água no Rio Paraná para movimentar suas barcaças, fundamentais para as operações de exportação e importação.

Quer dizer, quando seria possível armazenar um pouco mais de água no reservatório, prevenindo-se contra os dias piores que viriam, a usina precisou verter água. Mesmo com todos os cuidados, vertimento em época de escassez é até doloroso para a área técnica.

EXPECTATIVA

E o gato? Ele brinca de caçar, no chuvisco da manhã desta terça-feira, 5. É um gato de sorte, tem abrigo quando quiser. Que seja também um gato da sorte de todos.

A expectativa é que em 2020, mesmo com os efeitos de La Niña, que reduz as chuvas no Sul e aumenta no Nordeste, por exemplo, haja um verão com chuvas significativas, capazes de recuperar os reservatórios das usinas e, especialmente, aqueles que abastecem a população, já que em vários municípios paranaenses persiste o déficit no fornecimento, com consequentes cortes de água para os moradores.

Realmente, 2020 é um ano pra se esquecer. No caso do setor elétrico, a situação só não foi pior porque o Brasil aprendeu com a lição de 2020/2021 e passou a investir em alternativas para a hidreletricidade.

Tomara aprendamos com outras crises e situações vividas ao longo do ano passado.

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