Ucrânia e Rússia: a guerra compensa

Com ajuda de países que a apoiam, Ucrânia resiste à guerra contra a Rússia, ainda que cidades inteiras estejam arrasadas, há mais de um ano

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Por AIDA FRANCO DE LIMA | OPINIÃO

Depois de 14 anos sem ser convidado para participar de reuniões do G7, que reúne  Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos, as maiores economias do mundo, o Brasil finalmente está lá. E o que a mídia especula? A reunião que não aconteceu entre Lula e Volodymyr Zelensky, o presidente da Ucrânia.

Nesse domingo, 21, ao ser indagado sobre a reunião que não houve, Zelensky reassumiu o papel que domina, de comediante. Disse que o presidente Lula deve ter ficado decepcionado.

Sim, o líder da Ucrânia é formado em direito e ficou conhecido por estrelar uma série televisiva. Nela, um professor que fazia discurso contra a corrupção em sala de aula viralizou e virou presidente. E assim a ficção virou realidade.

“Tinha uma entrevista bilateral com a Ucrânia aqui nesse salão às 15h15 da tarde. Nós esperamos e ficamos recebendo a informação de que eles tinham atrasado. Enquanto isso, atendi o presidente do Vietnã. E quando o presidente do Vietnã foi embora, o presidente da Ucrânia não apareceu. Certamente teve outros compromissos e não pôde vir aqui. Foi infelizmente isso que aconteceu”, disse Lula, em entrevista aos jornalistas em Hiroshima.

A reunião do G7 tem como palco Hiroshima, que foi alvo do primeiro ataque nuclear, ao final da Segunda Guerra Mundial. A ideia de realizar o encontro em um local tão simbólico foi do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.

Mas parece que discutir a paz, mais uma vez, ficou em segundo plano. De acordo com o jornal The Hill, de janeiro de 2022 a 2023, os EUA liberaram US$ 77,5 bilhões para financiar a Ucrânia na guerra. Para o Fundo da Amazônia, a intenção é doar US$ 2,5 bilhões, para exemplificar. No encontro do G7, o Brasil saiu com US$ 1 bilhão para investimentos na saúde.

Nos EUA, diversos segmentos questionam o financiamento da guerra, enquanto uma parcela de americanos também luta contra a pobreza, dentro do próprio território.

O mundo recebeu a notícia de que a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. As cidades destruídas, milhares de soldados mortos, 13 milhões de ucranianos deslocando-se dentro e fora do país, imagens de famílias fugindo da guerra em meio a uma pandemia. Tudo isso, depois de um ano de guerra, parece já não ter tanto impacto.

A reunião entre Lula e Zelensky não aconteceu e, muito provavelmente, não seria esse encontro a mudar o rumo da guerra. A guerra entre Ucrânia e Rússia afeta todos, além de gerar perdas de vidas e sofrimento, porque interfere no preço do pãozinho e da gasolina, fora a tragédia social e ambiental que atinge a humanidade.

De um lado está a Ucrânia, que parece catalisar não só mais apoio financeiro, mas midiático, porque teve seu território invadido e é sua população que absorve os impactos mais imediatos. A Rússia se apega ao risco representado pela expansão – em direção a suas fronteiras – da OTAN, organização militar alinhada aos interesses dos Estados Unidos.

Quem defende a paz parece ter pouco a fazer para parar os mísseis. Soa mais promissor continuar injetando dinheiro e materiais bélicos no aumento da temperatura das batalhas do que investir para reduzir a temperatura da Terra.

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