Aida Franco de Lima – OPINIÃO
No final de semana em que se comemora o Dia dos Pais, a mídia brasileira recebeu um pacote valioso para pautar seu noticiário. Trata-se do escândalo das joias e presentes destinados ao governo brasileiro, na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que viraram muamba no exterior.
Toda vez que é anunciada uma operação da Polícia Federal, além do alvo em questão, o interesse gira em torno do nome. A que ficou mais conhecida foi, sem dúvidas, a Lava Jato, porém muitas outras se destacam por conta das mensagens nas entrelinhas, como essa que trata das joias negociadas no exterior: Lucas 12:2.
Até quem não é adepto à Bíblia acaba aprendendo por tabela as parábolas e ensinamentos. “Não há nada escondido que não venha a ser descoberto ou oculto que não venha a ser conhecido”, diz a passagem que batiza a operação em questão.
Certamente chega ao público uma ínfima parte de toda a história. Dificilmente saberemos quais presentes foram recebidos e muito menos os valores monetários deles.
Um kit de joias que inclui um anel, abotoaduras, um rosário e um relógio da marca Rolex de ouro branco, conjunto de itens masculinos da marca Chopard contendo uma caneta, um anel, um par de abotoaduras, um rosário e um relógio, esculturas douradas (uma palmeira e um barco) e um relógio Patek Phillipe. Essa é a lista oficial dos objetos que deveriam ser transformados em dinheiro vivo.
Fica muito feio para um país ter estampado nas páginas internacionais que os presentes recebidos em nome do Estado como forma de afeto, ou outra coisa que não cabe a nós o julgamento, sejam negociados.
Um chefe de Estado presenteia o outro com a simbologia do cargo, peso das nações. Muitas vezes é um bem significativo para a cultura do país que entrega o presente. Ele pode não ter valor material e ser recusado em algum “camelódromo” ao tentar ser vendido por quem o recebeu. Como se fosse ouro de tolo. Mas não é.
Mais feio ainda é quando o FBI, a polícia americana, entra no meio para investigar crimes financeiros, lavagem de dinheiro e uso de contas bancárias para ocultação de valores. Horrível quando há que se quebrar sigilos daqueles que, supostamente, seriam guardiões de uma nação.
Metidos de cabo a rabo nas denúncias estão alguns pais que parecem não se importar com o legado de valores morais para os filhos, mas sim com valores financeiros. Um deles, Mauro Lourena Cid, o pai do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que estava envolvido também com esquema de adulteração de cartões de vacinação e tentativa de golpe de estado, foi pego com a boca na botija.
Acontece que não há nem como negar que não estivesse envolvido com as vendas, ou tentativas, de bens pertencentes ao patrimônio brasileiro. Afinal seu rosto aparece refletido na caixa de um dos produtos que fotografou para venda.
Por falar em fotografia, Mauro Lourena talvez deva ganhar um novo celular para o Dia dos Pais, pois a Polícia Federal, que até pensou em prendê-lo junto com o conhecido advogado Frederick Wassef, apreendeu o seu aparelho. Provável que esse Dia dos Pais seja muito diferente de outros tantos, porque celular nas mãos da Federal é vendaval.
Outro pai envolvido nesse escândalo todo é Jair Bolsonaro. Ele, o Messias, que durante a pandemia tentou conduzir o rebanho para longe das cercas da ciência, não parece preocupado com o exemplo para os filhos e muito menos com sua legião de fãs. Está tudo joia, tudo ok!
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