
Aida Franco de Lima – OPINIÃO
O projeto Identidade versus Preconceito é tema de documentário que em breve será exibido em todo o Brasil. O longa-metragem, 60 minutos, intitulado “TEA, a perspectiva de uma professora e alunos: lições realizadas e tarefas a fazer”, foi concebido para dar voz aos estudantes no espectro autista, familiares, amigos e profissionais da área. É financiado pela Lei Paulo Gustavo de Incentivo à Cultura. O enredo se baseia na história de vida de uma professora e seu trabalho em uma escola pública, em torno da educação inclusiva. A direção-geral é da jornalista Aida Franco de Lima, que integra a equipe do H2FOZ.
O trabalho, realizado no Colégio Igléa Grollmann, de Cianorte, Paraná, que hoje é destaque no Brasil, teve início no ano de 2007, quando a professora Ana Floripes Berbert Gentilin se inscreveu para participar do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE). Ele ocorre em parceria entre a Secretaria de Estado da Educação do Paraná e instituições de ensino superior. O objetivo é aprimorar continuamente os professores, capacitando-os com novas metodologias e estratégias pedagógicas que garantam a qualidade no ensino. O referido programa oferece valorização profissional e pode resultar em progressão na carreira. As formações do PDE são realizadas preferencialmente na instituição de ensino onde o professor atua. Ana foi aprovada e, em 2008, deu início aos estudos na Universidade Estadual de Maringá.
No ano de 2009, houve a implantação do plano de intervenção pedagógica no Colégio Estadual Igléa Grollmann, e desde então não parou. São 17 anos de muita ação. A iniciativa faz parte do projeto político-pedagógico e culminou na publicação do livro “O Transtorno do Espectro Autista na Educação: os desafios na adoção de abordagens inclusivas”.
No Colégio Estadual Igléa Grollmann, as atividades pedagógicas ganharam força no início do ano letivo de 2011. O projeto se destacou em vários prêmios, entre eles: Prêmio Educador Nota 10 (2013); primeiro lugar no Prêmio Nacional Paratodos de Inclusão (2016); primeiro lugar no estado do Paraná no Prêmio Professores do Brasil (2018); e também recebeu o valioso Troféu Velho Guerreiro (2019), do Rotary Furquim de Castro, de Cianorte. Esse reconheceu o trabalho da professora Ana por seu incansável empenho na promoção da educação inclusiva e das políticas de inclusão, bem como sua contribuição na construção de um mundo melhor.
Houve também a publicação do livro “O Espectro Transformador: vencendo desafios e despertando potenciais no autismo”, da autora Nayara de Almeida Fernandes (no espectro autista e ex-estudante do Colégio Estadual Igléa Grollmann). Podemos dizer que o texto é sequência do livro da professora Ana. A frase de efeito que Nayara nos deixa é: “Na escuridão, encontramos as estrelas que nos guiam.” Nayara escreveu o livro em apenas dois meses.
O colégio tem aproximadamente 1.150 estudantes e conta com os seguintes serviços de apoio da modalidade de educação especial: duas salas de recursos multifuncionais tipo 1; duas salas de recursos de altas habilidades; seis professores de apoio educacional especializado que atendem em salas de aula, turmas de estudantes com laudos e indicativos de TEA; e um profissional de apoio escolar.
Todos os anos, desde o início do projeto, estudantes do terceirão sempre deixam ações realizadas a respeito da conscientização do autismo, por meio de materiais concretos.
Os estudantes do terceirão 2022 realizaram uma pesquisa na escola sobre a percepção dos estudantes sobre o autismo. O estudante Tiago Silva de Andrade escreveu um artigo, que foi publicado no livro “O transtorno do espectro autista na educação”.
A turma do terceirão 2023 organizou uma exposição de arte com o foco no conteúdo do autismo e apresentou para a comunidade escolar, inclusive o resultado da pesquisa citada acima foi divulgado aos vereadores de Cianorte com a finalidade de disseminar conteúdo científico, ressaltar a importância de políticas públicas para melhorar a qualidade de vida das pessoas no espectro autista e de seus familiares, e demonstrar a necessidade de implementação de um centro de referência no município. Em 30 de abril de 2024, foi inaugurado em Cianorte o Centro de Referência no Tratamento do Espectro Autista (Certea).
Seguindo a tradição da escola com relação à participação direta nas ações do projeto, o terceirão 2024 participa do documentário “TEA, a perspectiva de uma professora e alunos: lições realizadas e tarefas a fazer” e tem apoio irrestrito da comunidade escolar.
As segundas séries e o terceirão 2025 são responsáveis pela capacitação sobre conscientização do autismo, que ocorrerá na escola na primeira semana de abril sob a coordenação dos professores do ensino regular, com o apoio dos profissionais da modalidade da educação especial e equipes diretiva, pedagógica e administrativa. A arte do documentário também está sendo elaborada por estudantes do colégio.
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