Recursos das leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc oxigenam setor cultural

Os valores injetados para incentivar projetos culturais são oriundos dos impostos arrecadados pelo setor.

Aida Franco de Lima – OPINIÃO

O setor cultural do país está em meio aos editais da denominada Lei Paulo Gustavo, a Lei n.º 195, de 8 de julho de 2022, que foi criada e aprovada para incentivar e dar um fôlego à área cultural, tão afetada durante a pandemia da covid-19. Mesmo vetada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, a proposta virou lei e foi regulamentada em maio deste ano, pelo Decreto 11.525.

A Lei Paulo Gustavo é uma homenagem ao ator, vítima da covid-19 e que foi um dos grandes responsáveis, com seus filmes, pela arrecadação de impostos do mercado audiovisual. A cifra de R$ 3,86 bilhões tem origem no Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e em outras fontes de receita vinculadas ao Fundo Nacional de Cultura (FNC). Ou seja, não está tirando dinheiro de nenhuma outra área.

A maior parte das verbas é destinada aos projetos relativos ao audiovisual. E outro percentual, a todas as demais áreas, a fim de abranger a maior variedade possível de grupos e cenários culturais.

Algo bastante importante nessa lei é que ela tenta democratizar o processo de participação, porque um dos pontos fracos na busca por recursos pelo setor cultural é mostrar em palavras uma ideia maravilhosa. Desse modo, há a possibilidade de uma comunidade tradicional ser a proponente de um projeto, mesmo que ela não seja letrada. Os municípios devem possibilitar as ferramentas para que todos possam participar.

Outro ponto muito importante é que os projetos apresentados devem assegurar que 10% dos recursos sejam destinados à acessibilidade de pessoas com deficiência. E se o proponente não destinar esse valor, precisará justificar os motivos.

Inicialmente, todo o processo para seleção dos projetos e liberação das verbas deveria ocorrer até o dia 31 de dezembro de 2023. Foi um Deus nos acuda, porque havia todo um caminho a ser trilhado, desde as prefeituras demonstrarem interesse em participar do processo até as reuniões com os artistas para saber das demandas.

Os prazos começaram a encurtar e havia o risco de o dinheiro retornar aos cofres federais. Um dinheiro tão necessário, estornando? Foi então que Senado, Câmara e governo federal aprovaram a prorrogação do prazo para aplicação dos recursos até dezembro de 2024.

Vale lembrar, que neste 11 de dezembro é o último dia para que estados, municípios e consórcios intermunicipais de cultura cadastrem propostas na plataforma Transferegov, para obter recursos relativos à Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB). O nome do programa presta homenagem a outro artista, letrista e compositor, que também foi vítima da covid-19. Só no Paraná deverá viabilizar aproximadamente R$ 160 milhões para investimentos culturais.

Essa injeção de recursos na cultura é essencial, justa, necessária. Ninguém vive sem cultura. A cultura está em toda a parte. E é por isso que deve garantir acessibilidade, tanto para quem vai consumir o produto quanto para quem vai gerar a obra.

Há uma cadeia produtiva gigantesca que se movimenta em torno da cultura. Quando recursos são destinados a esse setor, todos se beneficiam. E é essencial que os gestores públicos estejam atentos aos prazos, às necessidades de sua região. Há muita gente produzindo arte, e esse conteúdo precisa ser compartilhado com o público, mas, necessariamente, remunerar o artista. Afinal “… a gente quer comida, diversão e arte”.

Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.

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1 comentário
  1. Jack Silva Diz

    Precisam falar do problema estabelecido nos recursos do inciso II do artigo 6º.

    Exibidores cinematográficos no Brasil inteiro estão sendo prejudicados. As salas de cinema são essenciais para o desenvolvimento regional.

    Me coloco a disposição para explicar e informar.

    Jack Silva
    Dir. AEXIB

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