Aida Franco de Lima – OPINIÃO
O denominado Parceiros da Escola é um projeto do Paranaeducação (Preduc) que desafia os pressupostos do pai da Física, Newton, que ensina que dois objetos distintos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. Isso acontece porque para seu defensor, o governador Ratinho Jr., o Parceiros da Escola se trata de um projeto que vai desburocratizar a escola. Mas na visão da APP-Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná e da sociedade em geral, vai, na verdade, privatizar a educação estadual.
E nesta semana o governador Ratinho anunciou que será encaminhada à Assembleia Legislativa do Paraná a proposta para entregar a administração de 200 escolas ao setor privado. Ele já conversou com sua base de apoio. Se aprovado o projeto, a empresa vencedora da licitação receberá R$ 800 por aluno. Levantamento aponta que esse valor supera todo o orçamento destinado à educação do ano de 2024. Assim, a justificativa de que a proposta vai gerar economia não se sustenta. O governo alega que não dá conta de gerenciar todas as 2,1 mil escolas estaduais.
Como medida para chamar atenção para o impacto que tal projeto significa para os rumos da educação paranaense, o sindicato reuniu seus filiados, na tarde de sábado, 25, em assembleia estadual online, e a maioria decidiu deflagrar greve a partir do dia 3 de junho. Foram 3.839 professores participantes, sendo que desses 3.410 (89%) aprovaram, 236 (6%) reprovaram e 193 (5%) se abstiveram.
Implementado como projeto-piloto em 2023, o projeto já é desenvolvido no Colégio Estadual Anibal Khury, localizado no bairro Uberaba, em Curitiba, e no Colégio Estadual Anita Canet, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. A promessa era de uma educação de melhor qualidade, visto que os diretores se dedicariam mais à parte educacional. Porém, em reportagem no site da APP-Sindicato, os resultados no Anibal Khury são outros.
“Entre as queixas estão a carência de professores(as) e funcionários(as) de escola, estrutura escolar precária, uniformes de péssima qualidade e um aumento nos casos de violência dentro e fora da escola.”
Com a terceirização dos serviços, os funcionários não se vinculam às instituições, a rotatividade é alta, como se fosse uma grande rede varejista. Mas o que está à venda é a educação.
Essas escolas adotaram o novo modelo de gestão por escolha própria. Ocorre que tão logo Ratinho Jr. foi reeleito governador, ele abriu edital para entregar a gestão de 27 escolas para a iniciativa privada. As comunidades escolares decidiriam se aceitariam ou não o modelo, que teve forte participação da APP com posicionamento contrário. Dessas, apenas as duas citadas aceitaram o novo modelo.
Com tanto dinheiro envolvido, nota-se, até mesmo para quem é ruim em Matemática, que o problema não é a falta de recursos, e sim para onde vai esse dinheiro. Para muitos, o Paraná é uma espécie de laboratório da mercantilização, e aprovar tal projeto, a toque de caixa, sem qualquer participação da comunidade, é também dar brecha para o fim do servidor público concursado e mesmo da educação pública estadual.
Normalmente, os filhos dos políticos, salvo raras exceções, que dizem querer o melhor para a educação pública, não estão nas redes públicas. Muitas vezes, nem estudam no Brasil. Quem realmente sabe o que é melhor para os nossos estudantes? Aqueles que vivem o cotidiano escolar ou quem apenas passa pelo local, a cada quatro anos, quando tira fotos em uma cabine eleitoral? Vale lembrar, que São Paulo e Minas Gerais, seguem pela mesma trilha, encaminhando projetos similares.
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As comunidades onde ocorreram os projetos pilotos aprovaram.
Esse modelo tem tudo para dar certo. App sindicato nao gosta porque vai perder mais ainda seus poderes de doutrinação.