Aida Franco de Lima – OPINIÃO
O que você estava fazendo no dia 8 de janeiro de 2023, quando soube do ataque que ocorria em Brasília? Eu me lembro de que tinha ligado a TV e via as cenas de vandalismo em um canal. Mudei para outro, e a programação estava normal. Mas logo em seguida todos os canais noticiavam ao vivo o quebra-quebra na Praça dos Três Poderes.
Você pode ser de centro, neutro, direita, extrema-direita ou esquerda, porém há de convir que tudo que é ganho na base da pancadaria é questionável. Havia um tempo no Brasil em que as pessoas discutiam política sem se matar, e as famílias não eram divididas por conta de A ou B. Até porque esses políticos nem sonham com a vã existência de um eleitorado que literalmente dá o sangue por eles.
Nesta semana, o “Xandão”, apelido dado para o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, contou em entrevista ao jornal O Globo que, entre as descobertas das investigações sobre o 8 de janeiro, estava um plano para que ele fosse enforcado em praça pública. Imagine se isso realmente tivesse ocorrido!
Pense, sob a ótica econômica, o que significaria para os fundos de investimentos aplicar recursos em um Brasil que praticasse tal ato de justiçamento. Imagine, pelo olhar da Justiça, se qualquer um pudesse fazer justiça com as próprias mãos!
Talvez nem seja bom pensar no que teria acontecido se naquele segundo domingo de janeiro de 2023, quando o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o STF foram transformados em cenário de puro vandalismo, e a situação não tivesse sido controlada. Em nome de uma suposta liberdade, quando queriam impor um golpe de estado, porque não aceitavam o resultado das urnas, os vândalos deixaram um rastro de destruição por onde passaram.
Mas com a reação dos segmentos democráticos, os imóveis foram desocupados antes de anoitecer, dando um basta na horda que posava de revolucionária. As instituições continuaram funcionando normalmente, e a mão da Justiça vem alcançando uma boa parte de quem imaginou que depredar o patrimônio público e ameaçar a democracia não daria em nada.
Ao longo de um ano, inúmeras histórias vieram à tona, de pessoas comuns que ficaram meses aprisionadas, saíram com tornozeleira eletrônica ou já foram julgadas e condenadas, porque participavam dos atos golpistas. Essas mesmas pessoas que muito provavelmente entraram no universo das notícias falsas e acreditaram piamente estar fazendo papel de heroínas, e não de fantoches.
Passado um ano, as emissoras de TV anunciam documentários; os Três Poderes, atos solenes, tudo isso para reafirmar que o Brasil é uma democracia sólida e não aceita ameaças.
E o que aprendemos com tudo isso? Alguns filmes clássicos, como A Onda, que mostra as consequências do autoritarismo, ou fatos dantescos como os que envolveram Jim Jones, um psicopata líder de uma seita que levou à morte 918 pessoas, no ano de 1978, dão as pistas. Não podemos duvidar de nada do que o ser humano seja capaz, e a lavagem cerebral em tempos de redes sociais é ainda mais impactante.
A data de 8 de janeiro de 2023 precisa sempre ser lembrada, para que as cenas não se repitam. Pelo bem de todos, inclusive daqueles que deixaram o conforto de casa e hoje choramingam vendo o Sol nascer quadrado.
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