Energia solar: além de baratear, essa conta precisa fechar

Energia solar ainda precisa de um empurrão para chegar até os lares de residências populares.

Aida Franco de Lima – OPINIÃO

Você se lembra de quando telefone era um produto de luxo? Ainda nos anos 90, as pessoas iam embora pra outros países, trabalhavam, mandavam dinheiro para as famílias investirem em linhas telefônicas. 

Havia a opção de comprar fichas de telefone. Quando a ligação completava, quando alguém do outro lado da linha dizia ‘alô’, a ficha caia e fazia aquele barulho. Eis a origem da gíria ‘cair a ficha’.  Era comum os postos de telefonia, onde a pessoa entrava e falava o essencial e depois já pagava a fatura.

Na década de 1970, instalar um telefone na casa de uma pessoa, em BH, custava 5 mil dólares. Em 1998, passou a custar 20 dólares. Os mais velhos devem lembrar que, em determinada época, as pessoas deixaram de comprar telefone, passaram a alugar. Depois, até a tarifa básica desapareceu e as pessoas só pagavam por chamada. (João Batista Santiago, Brasil de Fato).

Para o economista Santiago, não foi a privatização que alavancou a telefonia no Brasil, mas sim a tecnologia.

Quando olho para os telhados, quando penso no sol escaldante, lembro-me da telefonia e já conecto com as placas voltaicas. Hoje, elas são a imagem da telefonia do passado. Só uma pequena parcela da sociedade tem acesso. E o que impede que um maior número de famílias tenham acesso?

Se há outros programas, gostaria de conhecer, mas o que me lembro no momento é do Minha Casa Minha Vida, que tem incluída a energia solar. Com a retomada do programa, foi cogitado cortar esse dispositivo das residências, mas com o lobby do Ministério do Meio Ambiente tal benfeitoria foi garantida.

Nas cidades do interior, onde o campo faz vizinhança com os prédios, já é possível ver o “cultivo” das placas. O “plantio” é simétrico, as placas se movimentam em busca do sol, e é tudo monitorado por câmeras de segurança.

É uma espécie de monocultivo, em que os investidores também vendem a energia captada para nós, simples mortais, que dependemos do sistema tradicional. E além de lucrar, tais acionistas precisam apostar também no reaproveitamento das placas, quando obsoletas.

Assim como a telefonia, precisamos que a massa populacional tenha acesso aos meios alternativos e ecológicos de captação de energia, como a solar. Além da sustentabilidade em si, ela é sustentável para o bolso. Os cálculos dizem que, entre quatro e cinco anos, o valor investido nas placas já terá retornado, em forma de economia. Um ótimo negócio. Um negócio de milhões, que ainda está no teto de poucos.

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