Descer pra BC se o mercado acalmar

Música chiclete traz Balneário Camboriú para a cena nacional.

Aida Franco de Lima – OPINIÃO

A música que promete ser hit do verão, Descer para BC, tem semelhanças e pontos divergentes com uma outra sigla igual, o BC (Banco Central). Na primeira, o ritmo da alegria e da descontração de quem deseja descer para a praia. Do outro, o contexto da tensão que envolve a alta da taxa de juros, o dólar em disparada.

BC, no primeiro contexto, é a sigla de Balneário Camboriú. A dupla originária de Astorga e residente, até o momento, em Maringá, Brenno e Matheus, juntamente com o DJ Ari SL, está bombando com o ritmo pegajoso, que conta sobre o sonho de consumo de dois “agroboys” que desejam descer para a Dubai brasileira, Balneário Camboriú, em busca de mulheres bronzeadas, denominadas bombonzinhos.

Uma febre. Uns compartilham porque gostam, outros porque odeiam. Mas o fato é que a música, que surgiu no fim do mês de novembro, até recentemente tinha contabilizado 19 milhões de visualizações.

Descer pra BC já gerou outras versões, originadas pela dor de cotovelo dos catarinenses, que compuseram Subir para Urubici. Gustavo Henrique Metzner e Lauro antigo narram as vantagens da Serra Gaúcha. “Nada de BR-101 parada, nada de virose, falta de água e estresse. Vamos subir, vamos subir.”

De olho nas visualizações, a equipe de redes sociais do governador Ratinho entrou na onda e já soltou um Nós vai ficar no Paraná, enaltecendo as belezas de Matinhos e Caiobá. Parodiando Vinicius de Moraes, a música será eterna enquanto durar. Talvez nem suba a serra.

Mas e o outro BC? Acontece que o mercado financeiro está irritadíssimo com as medidas do governo federal anunciadas sobre a redução de IR para quem recebe até R$ 5 mil, em meio ao andamento das votações do ajuste fiscal, tão esperado há longas décadas.

Nervoso, irritado, o mercado financeiro manda seu recado: o mercado não aceita aumento da dívida pública para beneficiar assalariados, não admite aumento real do salário mínimo, quer cortes nas aposentadorias e benefícios sociais dos assalariados, entre outros. Aliados a isso estão os deputados, famintos pelas emendas parlamentares do denominado orçamento secreto. Se o governo não liberar dinheiro, não há votação. E o mercado fica ainda mais hostil.

Para esquentar ainda mais o suco, o futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, já é alvo de notícias falsas. Um perfil falso no X, antigo Twitter, disparou frases em que ele chamaria o dólar de “moeda estadunidense” e projetaria seu aumento. Mesmo sem audiência, o perfil conseguiu repercutir as mentiras, ao ter a postagem compartilhada por influenciadores.

A disparada do dólar só interessa aos investidores e aos semeadores da discórdia. Se o governo, Congresso e Senado, assim como a mídia, não se mexerem, quase ninguém vai descer pra BC, subir para Urubici nem viajar pelo Paraná.

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