Aida Franco de Lima – OPINIÃO
Sábado, 2 de março foi instituído como o “Dia D” de combate à dengue, em virtude do número alarmante de casos nos primeiros meses de 2024. Entre todas as medidas necessárias, a essencial para colocar em prática, observada em qualquer lugar, diz respeito à educação ambiental. Mas muitos acham mesmo que a salvação da lavoura é o fumacê.
O fumacê é um nome “fofo” para designar um carro que lança inseticida no ar, com a finalidade de matar os mosquitos que transmitem a dengue e outras doenças. Porém, como é de se imaginar, os agrotóxicos matam também as outras espécies, de abelhas a borboletas, qualquer uma que esteja na reta da nuvem de veneno.
Não é à toa que é recomendado que, quando o veículo passar nas ruas, as pessoas não permaneçam dentro das residências, nem mesmo animais de estimação.
O veneno não vai atingir as larvas. E muito menos, como em um passe de mágica, recolher lixo e resíduos industriais descartados irregularmente, que favorecem o acúmulo de água e a proliferação dos mosquitos.
De acordo com a Fiocruz, “há referências de epidemias de dengue em 1916, em São Paulo, e em 1923, em Niterói, ambas sem diagnóstico laboratorial. A primeira epidemia documentada clínica e laboratorialmente ocorreu em 1981-1982, em Boa Vista (Roraima)”.
É possível afirmar que a raiz do problema está na educação, que é a base da sociedade. Além do glorioso trabalho realizado pelos agentes comunitários de combate a endemias, que vão de casa em casa em busca de locais onde os mosquitos possam procriar e para orientar a população, precisamos de mais!
A população, principalmente adulta, precisa da educação ambiental não formal, aquela que os estudantes aprendem na escola, para começarmos a mudar essa cultura de não tratar o lixo de modo adequado. A começar pelas empresas governamentais, passando por todos os demais segmentos até chegar ao morador, que precisa destinar quaisquer formas de resíduos de modo correto.
Parece algo distante, mas educação ambiental deveria ser prática constante. Conheço secretária de Meio Ambiente que já foi notificada por agentes da dengue por descarte inadequado de resíduos! Já tomei conhecimento de foco de dengue em unidade básica de atendimento à saúde! Os órgãos públicos deveriam cuidar exemplarmente dos resíduos. Mas não é isso que acontece.
A vacina contra a dengue é sim um grande avanço e uma forma de barrar a doença. Porém, a impressão é que a comunidade parece delegar a resolução do problema a terceiros, como se ela não tivesse de cuidar do próprio quintal. Parece que há uma acomodação em imaginar que o agente de combate à dengue vai limpar o quintal; o fumacê, matar os mosquitos; e a vacina, evitar a doença.
Há leis que obrigam os proprietários de imóveis manterem a limpeza interna e das vias, mas quem fiscaliza?
Nas dicas que são dadas para combater a proliferação dos mosquitos é aconselhado cuidar com a varrição, pois folhas de árvores podem reter água. Esse talvez seja o último dos problemas, pois nem árvores praticamente temos mais para segurar água. Comparar a água parada que fica retida em uma folha, que irá decompor-se, com aquela acumulada em uma vasilha de plástico, que ficará por séculos no ambiente, soa desproporcional.
Vale lembrar que o mosquito, no meio da mata, obedece ao ciclo natural e é controlado pelos seus predadores, quando a cadeia alimentar está em equilíbrio. Mas o problema é que invadimos as matas e depois não sabemos como defender-nos de seus inquilinos, no caso o mosquito.
A população “pede” o veneno como último recurso ante a incapacidade do poder público de combater, erradicar e prevenir a dengue. Fumacê parece mesmo um caldo que fica mais caro que o prato. Nesse caso um caldo venenoso, que mira no mosquito e acerta na sustentabilidade.
Dengue: o fumacê e o tiro pela culatra
Sábado, 2 de março foi instituído como o “Dia D” de combate à dengue, em virtude do número alarmante de casos nos primeiros meses de 2024. Entre todas as medidas necessárias, a essencial para colocar em prática, observada em qualquer lugar, diz respeito à educação ambiental. Mas muitos acham mesmo que a salvação da lavoura é o fumacê.
O fumacê é um nome “fofo” para designar um carro que lança inseticida no ar, com a finalidade de matar os mosquitos que transmitem a dengue e outras doenças. Porém, como é de se imaginar, os agrotóxicos matam também as outras espécies, de abelhas a borboletas, qualquer uma que esteja na reta da nuvem de veneno.
Não é à toa que é recomendado que, quando o veículo passar nas ruas, as pessoas não permaneçam dentro das residências, nem mesmo animais de estimação.
O veneno não vai atingir as larvas. E muito menos, como em um passe de mágica, recolher lixo e resíduos industriais descartados irregularmente, que favorecem o acúmulo de água e a proliferação dos mosquitos.
De acordo com a Fiocruz, “há referências de epidemias de dengue em 1916, em São Paulo, e em 1923, em Niterói, ambas sem diagnóstico laboratorial. A primeira epidemia documentada clínica e laboratorialmente ocorreu em 1981-1982, em Boa Vista (Roraima)”.
É possível afirmar que a raiz do problema está na educação, que é a base da sociedade. Além do glorioso trabalho realizado pelos agentes comunitários de combate a endemias, que vão de casa em casa em busca de locais onde os mosquitos possam procriar e para orientar a população, precisamos de mais!
A população, principalmente adulta, precisa da educação ambiental não formal, aquela que os estudantes aprendem na escola, para começarmos a mudar essa cultura de não tratar o lixo de modo adequado. A começar pelas empresas governamentais, passando por todos os demais segmentos até chegar ao morador, que precisa destinar quaisquer formas de resíduos de modo correto.
Parece algo distante, mas educação ambiental deveria ser prática constante. Conheço secretária de Meio Ambiente que já foi notificada por agentes da dengue por descarte inadequado de resíduos! Já tomei conhecimento de foco de dengue em unidade básica de atendimento à saúde! Os órgãos públicos deveriam cuidar exemplarmente dos resíduos. Mas não é isso que acontece.
A vacina contra a dengue é sim um grande avanço e uma forma de barrar a doença. Porém, a impressão é que a comunidade parece delegar a resolução do problema a terceiros, como se ela não tivesse de cuidar do próprio quintal. Parece que há uma acomodação em imaginar que o agente de combate à dengue vai limpar o quintal; o fumacê, matar os mosquitos; e a vacina, evitar a doença.
Há leis que obrigam os proprietários de imóveis manterem a limpeza interna e das vias, mas quem fiscaliza?
Nas dicas que são dadas para combater a proliferação dos mosquitos é aconselhado cuidar com a varrição, pois folhas de árvores podem reter água. Esse talvez seja o último dos problemas, pois nem árvores praticamente temos mais para segurar água. Comparar a água parada que fica retida em uma folha, que irá decompor-se, com aquela acumulada em uma vasilha de plástico, que ficará por séculos no ambiente, soa desproporcional.
Vale lembrar que o mosquito, no meio da mata, obedece ao ciclo natural e é controlado pelos seus predadores, quando a cadeia alimentar está em equilíbrio. Mas o problema é que invadimos as matas e depois não sabemos como defender-nos de seus inquilinos, no caso o mosquito.
A população “pede” o veneno como último recurso ante a incapacidade do poder público de combater, erradicar e prevenir a dengue. Fumacê parece mesmo um caldo que fica mais caro que o prato. Nesse caso um caldo venenoso, que mira no mosquito e acerta na sustentabilidade.
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