Aida Franco de Lima – OPINIÃO
As cidades do interior do Brasil afora completam aniversário, e quem leva o presente é a indústria de massa. Ou seja, os cantores e bandas mais populares, cuja agenda de shows costuma ser maior que o calendário mensal.
É claro que é bastante importante proporcionar atrativos culturais para a população. Mas é muito comum que as cidades que contratam cantores cujos contratos são superiores à casa dos R$ 100 mil, por algumas horas de shows, não tenham políticas públicas que contemplem as pratas da casa.
Os artistas locais passam o ano todo em uma maratona para conseguir um ou outro apoio cultural, e quando conseguem uma resposta afirmativa já levaram muitas portas fechadas também.
E as prefeituras anunciam festivamente o calendário de shows, alardeando que são eventos grátis, quando não são! Porque assim como não há almoço grátis, quem dirá shows. A população não tem o costume do consultar os Diários Oficiais, nas páginas das prefeituras, para acompanhar os valores pagos a cada artista contratado.
Nada contra proporcionar eventos artísticos à população, mas, em virtude de tantas outras demandas, por qual motivo shows são totalmente subsidiados e outras necessidades da população não são atendidas dessa forma?
A começar dentro do próprio elemento festa, pois normalmente nessas cidades pequenas há um calendário festivo, com shows “grátis” durante uma semana, e lá se instalam parques de diversões, barracas de guloseimas, entre outros. E as crianças, que são as que mais brilham os olhos em tudo isso, ficam chupando o dedo.
Acontece que, diferentemente dos shows pagos com dinheiro público, portanto de livre acesso ao público, os parques cobram, e bem cobrado, pra meninada brincar. E há famílias que simplesmente desistem de levar os filhos, porque não conseguem comprar ingressos para todos.
Isso significa que os adultos terão a diversão garantida, mas as crianças não. E logicamente entende-se que são eventos separados, empresas separadas. Porém o questionamento que tento fazer é sobre o fato de as prefeituras investirem tanto dinheiro em shows e não dedicarem a mesma atenção a outros tipos de entretenimento, inclusive um parque de diversões.
Perguntei a uma conhecida se ela iria a uma festa de aniversário de uma cidade, e a resposta foi que provavelmente não, pois com quatro crianças só daria se a escola distribuísse alguma entrada no parquinho. Uma olhada rápida no Diário Oficial e está lá um show por R$ 170 mil. E se a lógica da festa fosse invertida?
Por qual motivo não terceirizam a apresentação e não liberam o parque de diversões e até mesmo as lanchonetes para as crianças, por valores similares aos dos contratos realizados com inexigibilidade? Vejam, não é ser contra a oferta de entretenimento subsidiado. É uma ponderação sobre mudar um pouco o ritmo da música, ou melhor, atingir um público que nem sempre consegue participar da festa.
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