Aida Franco de Lima – OPINIÃO
Algumas horas após a abertura das urnas, em que boa parte do Brasil conheceu os novos ocupantes do Executivo e Legislativo de 2025, ou nem tão novos assim, visto que muitos foram reeleitos, além de algumas cidades que terão o segundo turno, a campanha eleitoral acabou. Porém deveria ser ao contrário. Hoje mesmo deveria ser retomada, de modo que os candidatos eleitos não esquecessem seu compromisso com os eleitores.
Percebam que é sempre na reta final, no último ano de mandato, que o Executivo coloca as máquinas nas ruas, para mostrar serviço, e o Legislativo volta a dar as caras nos bairros, nas ruas, até então papel destinado a, salvo raras exceções, assessores que eventualmente passam de carro por um lugar ou outro.
Hoje era dia de os eleitos retomarem a campanha até mesmo para pensar no que realmente vão realizar, nas promessas feitas durante a caça aos votos.
E é momento de o eleitor também guardar os santinhos, os vídeos, as promessas para cobrar dos ganhadores, caso esqueçam porque foram eleitos. Promessa de campanha deveria ser registrada em cartório. Boa parte do discurso seria cortado. Pensariam duas vezes antes de prometer, inclusive sandices.
Entre todos os temas citados durante a campanha, desde o básico, a saúde, segurança e educação, a questão ambiental timidamente está ganhando espaço, mas é insuficiente, devido à gravidade com que presenciamos as alterações na natureza.
No caso do prefeito e vereadores eleitos em Foz do Iguaçu, é essencial que a comunidade se atente às propostas na área ambiental. O tema já foi comentando na coluna Sustentabilidade, da última semana, quando foram avaliados os planos dos sete candidatos a prefeito da cidade.
Não há mais como imaginar que assunto de meio ambiente seja coisa de ambientalista ou pauta de esquerda. É questão de sobrevivência mesmo.
E não é preciso reinventar a roda. Precisamos que as leis que já existem sejam aplicadas. A começar pelo Código de Postura e pela Constituição. Não há como pensar em flexibilizar leis para facilitar o corte de árvores urbanas. Para facilitar a derrubada das matas que devem proteger nossas nascentes. Aprendemos na escola que, assim como os cílios protegem os olhos, a mata ciliar protege nossos olhos d’água!
Não é possível que toda revitalização de praça tenha de, necessariamente, derrubar árvores e concretar nossos pedaços de terra. A grama sintética não pode ser aceitável, porque ela é mais simples de cuidar. Os parques infantis, a chance de as crianças criadas em apartamentos tocarem os pés no chão, estão tomados dessa tal grama, e os pais não compreendem por que os filhos voltam doentinhos das escolinhas infantis. Não ganham resistência!
A procriação desenfreada dos animais domesticados, tratados como objetos pelas empresas que administram canis e os manuseiam como produtos, precisa de um freio. As protetoras, as ONGs que realmente amam os animais, devem participar do processo ativamente.
As secretarias de Meio Ambiente precisam chamar para si a responsabilidade de fiscalizar e de promover educação ambiental de fato, atingindo a sociedade. Não dá mais para fazer de conta que se realiza educação ambiental apenas levando crianças para sujar as mãozinhas de terra plantando mudas, que provavelmente irão morrer por falta de cuidados. Marketing verde, aquele de perfumaria, para inglês ver, é um desserviço para a sustentabilidade.
Os órgãos ambientais estão tomados de cargo de confiança, que estão ali para assegurar votos e assinaturas legalizando aquilo que é conveniente aos que lhes deram tal emprego. Os profissionais que ali estão há anos, concursados e cansados, muitas vezes nem mais acreditam no papel que lhes foi confiado: defender o meio ambiente. Porque é navegar contra a corrente e muitas vezes ser perseguido por executar sua função.
Por essas e outras, a campanha deveria começar agora. Mesmo que seja a nossa campanha, de eleitores cansados de promessas vazias e de ver nosso meio ambiente indo para o beleléu, e nós também!
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