A América do Sul é um território de característica verde, cujo equilíbrio climático tem relação direta com a Floresta Amazônica e os Andes. Ambos os ecossistemas proporcionam, juntos, o fenômeno dos rios voadores e influenciam diretamente a região do Cone Sul, que sofre o impacto de estiagens, desmatamento e incêndios.
Os efeitos das mudanças climáticas na região sul-americana foram discutidos no Seminário Internacional Amazônia-Capricórnio: da Integração Geopolítica à Climática, realizado no dia 10 de dezembro, no auditório do Parque Nacional do Iguaçu, em Foz do Iguaçu.
Moderado pelo presidente da Fundação Araucária, Ramiro Wahrhaftig, o painel de abertura, intitulado “Interfaces da integração: da geopolítica, ao clima e às pessoas”, contou com a participação de Carlos Marés (PUCPR), Francisco Mendonça (UFPR), NAPI Emergência Climática e Luciano Wexell, do Ministério do Planejamento e Orçamento do Brasil.
Durante a conferência “Rotas de Integração Sul-Americana”, Wexell falou sobre o trabalho do Ministério do Planejamento, incluindo o Novo PAC, no qual há 190 projetos de integração sul-americana e o deslocamento da economia e das exportações brasileiras para a frente oeste, sobretudo passando pelos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Ele também mencionou o aumento das exportações brasileiras para os países asiáticos, com ênfase à China, Japão e Indonésia, e o projeto de instalação de pequenos portos e aeroportos na frente oeste, consolidando novas rotas.
Francisco Mendonça chamou atenção para o aumento da temperatura do planeta em 1,5°C nos últimos anos e para as mortes provocadas em decorrência desse aquecimento. Somente na Europa, em 2023, 33 mil pessoas foram a óbito em razão do excesso de calor.
Outro episódio foi registrado neste ano, durante a peregrinação a Meca, com a morte de cerca de mil pessoas provocada pelo calor de 50°C.
Os falecimentos decorrentes do calor ocorrem devido à diminuição da quantidade de oxigênio, fato que dificulta a respiração, explicou Mendonça.
Carlos Marés relembrou o importante papel do povo guarani, que considerava a região trinacional como “A Terra do Mundo”. Citou a convenção da biodiversidade e enfatizou a necessidade do cumprimento da legislação ambiental. “Não pode mais haver desenvolvimento e construção de parques e áreas protegidas que afetem o direito dos povos e da natureza.”
Articuladora no NAPI Trinacional, entidade promotora do evento, Adriana Brandt frisou que o seminário contribuiu para ampliar redes, colocar pessoas em contato e estimular o trabalho conjunto.
O encontro reuniu representantes de associações comunitárias, comerciais e universidades do Brasil, da região trinacional do Brasil, Paraguai e Argentina.
Atuação do NAPI
O NAPI (Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação) é uma plataforma da Fundação Araucária de apoio à pesquisa científica e tecnológica do Paraná que tem a finalidade de mobilizar e integrar ativos de ciência, tecnologia e inovação.
Um dos propósitos é responder às demandas de desenvolvimento do Paraná, articulando universidades, governo, setor produtivo e terceiro setor. Para isso, o NAPI promove encontros, troca de ideias e estimula o trabalho em conjunto entre diversos setores da sociedade.
Atualmente, há 50 NAPIs em funcionamento em todo o estado. O NAPI Trinacional foi o primeiro criado pela Fundação Araucária.