Pererecas da espécie Pithecopus rusticus, exclusiva da Mata Atlântica, foram trazidas do município catarinense de Água Doce.
Especializado em trabalhos de conservação de espécies da Mata Atlântica, o Parque das Aves, em Foz do Iguaçu, recebeu um casal de pererecas da espécie Pithecopus rusticus, ameaçada de extinção. A operação é inédita e visa a dar início ao programa de conservação do anfíbio, trazido do município de Água Doce (SC).
De acordo com a assessoria do parque, a chegada dos animais foi viabilizada por meio de parceria com a Universidade Federal de Santa Maria, Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (RAN/ICMBio) e Reserva Paulista (Zoológico de São Paulo).
As pererecas Pithecopus rusticus (que, embora sejam chamadas de perereca-rústica pelos pesquisadores, ainda não possuem um nome popular estabelecido) são endêmicas do Brasil, sendo encontradas apenas em uma pequena área de campos de altitude no bioma da Mata Atlântica.
“Atualmente, a única população conhecida está em uma área altamente impactada pelo homem, próxima de uma estrada com presença de gado e plantações”, explica Paloma Bosso, diretora-técnica do Parque das Aves. “O plano é manter uma população de segurança, facilitando a reprodução dos animais em um espaço seguro para, futuramente, enviar seus descendentes ao local de origem.”
As pererecas chegaram a Foz do Iguaçu de helicóptero, vindas do aeroporto de Chapecó (SC), por intermédio do ICMBio. Por enquanto, os visitantes do Parque das Aves ainda não terão acesso à sala das pererecas. Inicialmente, os animais estão sendo mantidos na área interna da instituição, sob os cuidados da equipe técnica.
A descoberta oficial da espécie é recente, com a descrição formal tendo ocorrido somente em 2014. Elaine Lucas, professora da Universidade Federal de Santa Maria, lamenta o fato de que os animais já estejam sob forte risco de desaparecimento.
“Desde a sua descoberta, poucos indivíduos têm sido registrados em apenas uma localidade, apesar das buscas pela espécie na região. Assim, sabíamos que era necessário tomar uma atitude urgente. Por isso, a parceria entre as instituições pode assegurar o futuro deste pequeno anfíbio”, comenta Elaine.
No Parque das Aves, a equipe técnica que está cuidando dos animais oferece alimentação duas vezes por semana. O cardápio é composto por insetos e pequenos invertebrados. A qualidade da água é outro ponto de constante atenção, tendo em vista a sensibilidade dos anfíbios a níveis altos de substâncias como nitrato, nitrito e amônia.
As recomendações técnicas para o manejo dos animais foram baseadas nos detalhes sobre o ambiente natural da espécie, compartilhados pela professora Elaine. Além disso, o Parque das Aves recebeu orientações sobre a reprodução e manutenção de pererecas do Zoológico de São Paulo, que já tem larga experiência com anfíbios.
“Com esse apoio técnico de qualidade, somos capazes de oferecer as melhores condições para esse casal tão especial. Afinal, nosso compromisso é com o bem-estar de todos os animais sob nossos cuidados”, resume Roberta Manacero, responsável pela Divisão de Bem-Estar Animal do Parque das Aves.
Comentários estão fechados.