É em uma propriedade localizada nos limites do Parque Nacional do Iguaçu, em São Miguel do Iguaçu, que José Odair Colombeli, 48 anos, costuma pedalar. Lá ele às vezes nota pegadas de onças ou as observa.
O sítio de Colombeli é uma das dez propriedades na região do Parque Nacional do Iguaçu que receberam o selo Amigo da Onça. Essas chácaras dão apoio à pesquisa e ao uso sustentável do meio ambiente por meio de ações realizadas pelo Projeto Onças do Iguaçu.
Colombeli abriu as portas para a equipe do projeto fazer um manejo na propriedade, evitando assim ataques e depredações de onças. Para isso, foi instalada uma câmera para monitorar a presença dos animais e um aparelho chamado foxlight, que emite luzes intermitentes para afastar os felinos.
São ações assim que ajudam a conservar a onça-pintada, o maior felino das Américas, que está sob ameaça de extinção. Ao abrir as portas da propriedade, Colombeli contribui para preservar o ecossistema como um todo.
Uma das medidas que ele já adota é cuidar dos cachorros e animais domésticos para evitar que as onças se aproximem. “Nós cuidamos dos cachorros e bichos para as onças não atacarem, mas muitas pessoas não cuidam”, diz.
A proteção é importante para prevenir que onças predem cães que vivem soltos.
São inúmeras as ações do Projeto Onças do Iguaçu no entorno do parque para conservar a onça-pintada. Além da certificação de propriedade Amiga da Onça, há iniciativas voltadas à geração de renda associadas aos felinos.
A crocheteira das onças é uma delas. Mulheres de agricultores fazem peças de crochê com temáticas do animal para serem comercializadas. Recentemente, cem encomendas foram realizadas por um hotel.
Outra iniciativa é o Ciscando o Futuro, que é a instalação de galinheiros a fim de gerar renda às propriedades rurais que aderem às ações do Projeto Onças do Iguaçu.
População
A população de onças-pintadas no lado brasileiro é de 25 animais. Desses, são 16 adultos, sendo seis machos e dez fêmeas, dos quais dois jovens e sete filhotes. Em 2009, a espécie ficou perto da extinção com agrupamento de nove a 11 felinos.
Outra boa notícia foi o reaparecimento da queixada. Extinto durante 20 anos, o animal voltou a aparecer no parque com a intensificação do combate à caça, que ainda é a principal ameaça de sobrevivência da onça.
Atualmente, há 35 pontos de monitoramento com câmeras espalhados na região do Parque Nacional do Iguaçu para acompanhar os felinos.
Neste ano, a equipe do Onças do Iguaçu – formada por biólogos, gestores ambientais e veterinários – fez um total de 348 visitas em 77 propriedades de dez municípios da região.
O projeto é desenvolvido desde 2018 no corredor verde, que compreende o Parque Nacional do Iguaçu, no Brasil, e o Parque Nacional Iguazú e outros parques provinciais argentinos, em uma área total de 528.123 hectares.
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