Moradores do bairro Mata Verde, Região Sul de Foz do Iguaçu, reclamam da falta de planejamento e do impacto decorrente das obras da Rodovia Perimetral Leste. O problema começa na altura do cruzamento das ruas Martin Nieuwenhoff e Hugo Urnal e se repete adiante.
As principais queixas se referem à dificuldade de mobilidade da população, que precisa circular até 8 quilômetros ou dar muitas voltas para chegar em casa, levar filhos à escola ou ir trabalhar. O bairro também ficou vulnerável, com a coleta de lixo comprometida e há um clima de insegurança durante à noite.
Até mesmo entregadores de pizza e motoristas de aplicativos evitam circular pelo bairro, nas proximidades da obra. “Isso não é perimetral. Temos que apelidar de Muro de Berlim”, diz o morador Diego César Gabardo, do Mata Verde.
Outro problema é a falta de sinalização e de placas, o que coloca em risco quem anda a pé ou transita de moto ou carro, em razão das enormes valetas abertas no solo, com mais de dois metros de profundidade, para fazer a obra.
A preocupação dos moradores é a de que os transtornos sejam permanentes, porque após a conclusão da obra não terão acesso imediato ao bairro como antes.
Gabardo informa já ter procurado a empreiteira responsável pela obra, vereadores e a prefeitura, mas não obteve resposta (ver entrevista em vídeo no final do texto).
Para os moradores, a Perimetral Leste não deveria ser construída em uma área urbana como a Mata Verde. Eles alegam que o traçado foi modificado para proteger o corredor turístico, na Rodovia das Cataratas, retirando os caminhões do trecho.
Uma outra opção de traçado para a via era pela Rua Itaboraí, que cruza com a Rodovia das Cataratas na altura do Museu de Cera. No entanto, a possibilidade não chegou a ser considerada.
Meio ambiente
Também preocupa a população o impacto ambiental da obra. Ambientalistas cobram das autoridades os efeitos da construção em banhados e nascentes bastante presentes em toda a Região Leste.
“Não tem perimetral que passa nos bairros, não existe isso. Só em Foz do Iguaçu”, ressalta Manuel Corman, que mora próximo à obra e observa o descaso em relação a banhados e nascentes situados na região.
A pedido de moradores, representantes do Fórum de Proteção Ambiental de Foz do Iguaçu estiveram em uma área situada entre o loteamento Villa Floratta e as proximidades do Loteamento Don Giuseppe, perto do Jardim São Roque, no dia 20 de abril.
Presidente do Fórum Ambiental, o geógrafo Dantas Duarte pôde constatar a existência de banhados repletos de nascentes, tributárias do Rio Tamanduazinho, sub-bacia do Rio Tamanduá, de onde se capta 40% da água consumida em Foz do Iguaçu.
A preocupação dos ambientalistas e moradores se deve ao fato de o traçado da rodovia passar justamente sobre nascentes e banhados, o que pode até comprometer o Rio Tamanduazinho.
Já há denúncias de que algumas nascentes foram tampadas, sem drenagem, na região do Morumbi, por onde a rodovia passará após transpor a Avenida Maria Bubiak.
Na tentativa de proteger as nascentes, o fórum acionou, ainda em fevereiro, o Ministério Público e a Câmara de Vereadores para fazer um alerta sobre o impacto ambiental.
A problemática envolvendo a construção da rodovia será debatida dia 24 de maio, às 18h30, no plenário da Câmara de Vereadores, em uma audiência pública convocada pelo vereador Dr. Freitas.
Em consulta feita pela reportagem do H2FOZ ao Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), foi informado que “estão previstos métodos construtivos que visam a proteção dessas, garantindo que a execução atenda a legislação vigente”.
Conforme o mais recente informe do DER, já foi executado o equivalente a 26,63% da obra. No total, serão 14,7 quilômetros ligando a BR-277 e a Ponte da Integração Brasil–Paraguai.
Nesse pacote estão incluídas as aduanas no lado brasileiro e paraguaio e seis viadutos, totalizando um investimento de R$ 136.888.150,23. A previsão de término é para novembro de 2025.
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