A cota do Rio Paraná na Ponte da Amizade, neste domingo, 7, está entre 92,61 e 92,32 metros acima do nível do mar.
Em períodos normais, a cota passa de 105 metros acima do nível do mar.
Um dos sinais claros de que a situação hidrológica não é boa, já que Itaipu é considerada “usina a fio d´água”.
Isto é, só tem reserva técnica, não armazena. Depois de gerar energia, devolve ao Rio Paraná a água que veio das usinas acima.
“É a pior crise hidrológica desde 1930”, alarma-se o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), com chuvas “significativamente abaixo da média histórica”.
MESES SECOS
Os grandes centros mundiais de previsão climática já alertaram que junho, julho e agosto serão meses com chuva abaixo do normal na Bacia do Rio Paraná.
Embora garanta que não haverá apagões, este ano, o ONS diz que poderia ocorrer “a perda do controle hidráulico dos reservatórios da bacia do Rio Paraná no segundo semestre de 2021”.
E isso, por sua vez, implicaria em restrições no atendimento energético nos sistemas Sul e Sudeste/Centro Oeste, como explica matéria da Agência Brasil.
CONTRA APAGÕES
Para evitar esta perda do controle hidráulico e os apagões, já foram adotadas algumas medidas paliativas.
Entre elas, flexibilização das restrições hidráulicas nas usinas das bacias dos rios São Francisco e Paraná.
E ainda: aumento da geração térmica e da garantia de combustível para essas usinas.
Pra fechar: importação de energia da Argentina e do Uruguai, além de campanha de uso consciente da água e da energia”.
SEM AUMENTAR ENERGIA
O governo garante que o preço da energia não vai aumentar. A não ser, claro, na mudança de bandeira.
Até maio, vigorava a bandeira amarela, o que representava uma taxa extra de R$ 1,34 para cada 100 quilowatts consumidos por hora.
Agora em junho, vigora a bandeira vermelha, que resulta na cobrança de um adicional de R$ 4,169 para cada 100 kWh consumidos.
E há ainda outra bandeira vermelha, mais escura. E com tarifa mais alta. Veja na tabela abaixo.
PARAGUAI SEM NAVEGAÇÃO
É nesta situação de “pior crise hidrológica desde 1930” que o Brasil voltará a receber um pedido do Paraguai para liberar mais água no Rio Paraná.
De acordo com o jornal La Nación, o Centro de Armadores Fluviais e Marítimos, a Chancelaria e as usinas binacionais Itaipu e Yacyretá analisam a possibilidade de uma nova liberação de água para garantir navegabilidade ao Rio Paraná.
Isso foi feito em maio, para permitir que o Paraguai exportasse 125 mil toneladas de grãos, que agora já estão rumo ao mercado internacional.
Mas uma nova “janela de água” pode ocorrer em julho, segundo o jornal, desde que as chuvas voltem.
O que não é muito provável.
80% POR HIDROVIA
O jornal explica que a forte queda dos níveis dos rios Paraguai e Paraná põe em apertos o comércio exterior paraguaio, que depende em 80% do transporte hidroviário.
Logo depois da “janela de água” em maio, o Rio Paraná tornou-se novamente inavegável, no trecho entre a usina de Yacyretá e a confluência dos rios Paraná e Paraguai (que também é vítima da estiagem).
“Toda a carga que está nos portos do Sul (do Paraguai) não pode sair por via fluvial. É preciso esperar uma próxima janela de água ou transportá-la por via terrestre até os portos do Rio Paraguai”, explica o Centro de Armadores.
MAIOR CUSTO
Mas a navegação no Rio Paraguai, ao norte de Assunção, é complicada: as barcaças só têm sete pés de calado para navegar, por isso a carga tem que ser reduzida em 45%.
E isso encarece os custos para o consumidor, no caso de importações, ou reduz o pagamento para o produtor agrícola.
A grande estiagem que prejudica os rios Paraná e Paraguai praticamente não dá folga desde 2020. E continua assim em 2021.
RIO IGUAÇU NA SECA
Dos estados do Sul, o Paraná é o mais prejudicado pela estiagem, que reduziu também a vazão do Rio Iguaçu, afetando o abastecimento de água da Grande Curitiba.
Em União da Vitória, o nível do Rio Iguaçu esta em 1,56 metro, quando o normal, em dias secos, é 2,70 metros.
Isso se reflete nas Cataratas do Iguaçu, onde a vazão está em 324 mil metros cúbicos por segundo, quase um quinto da vazão em períodos normais.
Leia mais:
Itaipu conclui nesta segunda (31) “janela de água” no Rio Paraná
“Janela de água” no Rio Paraguai garante exportações paraguaias
Comentários estão fechados.