Após ter uma queda drástica de onças-pintadas no final da década de 1990, o corredor verde situado entre Brasil e Argentina que abrange o Parque Nacional do Iguaçu comemora a volta dos felinos. Uma população de 93 onças vive nos dois países.
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Os números são resultado do Censo da Onça-Pintada realizado por biólogos, gestores ambientais e veterinários brasileiros e argentinos em 2022. Conforme as estatísticas, em 2005 havia 40 animais; em 2014 o número subiu para 71 e a partir de 2016 a recuperação foi mais nítida com o registro de 90 onças, chegando ao número médio de 93 em 2022, ou seja, entre 73 e 122 animais.
Para fazer o monitoramento da espécie, a equipe contou com 224 pontos de amostragem, sendo 72 no Brasil e 152 na Argentina. Com esse aparato, que resultou no maior censo já realizado, foram obtidas mais de 450 mil imagens, das quais 3.763 fotografias de 55 onças-pintadas adultas.
Com a compilação em mãos, os biólogos cruzaram informações com base na quantidade de hectares cobertos pela amostragem e das diferentes onças-pintadas registradas. Assim chegou-se a faixas populacionais indicativas do número mínimo e máximo de onças.
No lado brasileiro, o número médio foi de 25 animais (entre 19 e 33). No censo anterior, de 2020, havia sido registrada a presença de 24 onças-pintadas (entre 20 e 28). A situação mais crítica no parque brasileiro ocorreu em 2009, quando a espécie ficou perto da extinção com um agrupamento de 9 a 11 onças pintadas.
O monitoramento das onças-pintadas vem sendo feito nos últimos 20 anos pelos projetos Yaguareté (Argentina) e Onças do Iguaçu (antigo Carnívoros do Iguaçu. Os biólogos acompanham a flutuação da população da espécie na região do Corredor Verde que corresponde ao Parque Nacional do Iguaçu no Brasil, o Parque Nacional del Iguazú e outros parques provinciais no lado argentino em uma área total de 582.123 hectares.
O corredor verde abriga pelo menos um terço de todas as onças-pintadas da Mata Atlântica e constitui-se da região com habitat mais adequado para a espécie no bioma.
Ameaça
Foi a situação crítica, registrada em 2005, que levou os biólogos a agir em favor da volta das onças-pintadas, considerada espécie chave para a manutenção da biodiversidade do Parque Nacional do Iguaçu.
A redução da população causou preocupação porque entre 1990 e 1995 estimava-se que a região abrigava entre 400 e 800 onças-pintadas.
Coordenadora do Projeto Onças do Iguaçu, Yara Barros diz que a principal ameaça às onças-pintadas continua sendo a caça e o próprio abate do felino. A caça reduz a disponibilidade de presas para as onças, a principal delas é o queixada que esteve extinto nos últimos 20 anos e voltou a partir de 2016, fato que pode ter contribuído para o aumento da população das onças.
Yara destaca a importância de ações realizadas continuadamente junto à comunidade, tais como, visitas às escolas, conversas com proprietários rurais, capacitações, participação em festas e atendimentos imediatos a pessoas que se deparam com onças em sítios e fazendas. “A gente não vai salvar a onça só trabalhando aqui dentro”, explica a bióloga.
Atualmente há pelo menos 8 propriedades rurais com o selo “Amigas da Onça” cujos responsáveis são aliados na preservação da espécie.
As parcerias e apoios interinstitucionais colaboraram para o resulto do trabalho. O Censo 2022 de onças-pintadas foi desenvolvido pelos Projetos Onças do Iguaçu e Yaguareté (Argentina), com a cooperação do WWF-Brasil, Fundación Vida Silvestre Argentina, Parque Nacional do Iguaçu/ICMBio Parque Nacional Iguazú e a empresa florestal Arauco Argentina.
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