Professora mostra as vantagens do sistema de árvores para a qualidade de vida da população e alerta que o município está na rota de temporais, o que aumenta a importância do manejo adequado das plantas.
A arborização na cidade envolve planejamento territorial, paisagem e qualidade de vida da população. Para isso, é preciso haver um plano de plantio e de manejo que garanta a saúde das plantas e indique as espécies adequadas para o ambiente urbano, acompanhado de investimentos em educação ambiental.
A professora Patrícia Zandonade desenvolve esse tema em entrevista ao Programa Marco Zero. Docente da Unila, ela é doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Energia da Universidade Federal do ABC e tem experiência na área de projeto urbanístico e de habitação, paisagem e planejamento urbano, com ênfase em urbanização e meio ambiente.
Assista à entrevista:
Na entrevista, ela enumera os muitos benefícios da arborização. “O sistema de árvores é uma infraestrutura importante, sobretudo em cidades com o clima de calor como Foz do Iguaçu”, enfatiza. “Contribui para reduzir a temperatura de dois a oito graus em relação à mesma situação ambiental e climática sem árvores”, aponta.
A arborização, prossegue, “regula o ciclo hídrico e diminui a velocidade da água quando ela cai no chão, colaborando para diminuir cheias e enchentes nos rios, traz conforto térmico para quem está caminhando e beleza para toda cidade”. A professora lembra que as árvores promovem frutos para as pessoas e também à avifauna, aos animais urbanos.
A arborização adequada da cidade contribui para o desenvolvimento. “Estamos em um momento de plantar árvores e frear a degradação ambiental. E Foz do Iguaçu é uma potência para ser modelo de cidade ecológica e com qualidade de vida, mas essa potência precisa ser desenvolvida”, salienta Patrícia Zandonade.
Queda de árvores
Sempre que há queda de árvores devido a ventos fortes, como os da semana passada em Foz do Iguaçu, muitas pessoas prejudicadas com os danos e transtornos pedem a supressão das plantas. A professora defende a necessidade de medidas, já que a cidade está em uma rota de temporais.
“Não tem como tirar a razão da apreensão das pessoas”, frisa. “Foz é uma região de vendavais intensos, e a tendência é a de que eles não irão diminuir, pelo contrário, a tendência é que esses fenômenos severos aumentem, considerando os efeitos do aquecimento global e com a transição ecológica que já estamos passando”, sustenta.
Essa rota de chuvas intensas e vendavais vem de Santa Catarina até as Três Fronteiras. “Já vi estudo da década de 1970, quando aqui ainda tinha muitas florestas, mostrando caminhos de ventos, com árvores derrubadas. Hoje não tem mais a floresta para contar essa história climática, mas a gente sente esse fenômeno na cidade”, relata Patrícia.
Para ela, a questão é como compatibilizar cidade, moradores e infraestrutura, sobretudo fiação elétrica e arborização. Avalia a docente que o principal ponto é fazer com que as árvores sejam mantidas saudáveis, pois o risco de queda é muito menor, e precisa ser feita a manutenção preventiva.
“Árvore é um ser vivo que precisa constantemente de ser monitorada e de manejo. Não é só plantar e deixar lá!”, assevera. Nesse contexto, a principal responsabilidade é do poder público, por ser o grande gestor do ambiente urbano, contudo também precisa existir a colaboração da população.
Por que as árvores caem? “A principal causa da queda e de adoecimento de árvores é a poda incorreta. O segundo fator é a má organização do que seria o canteiro dessas plantas. E, em terceiro lugar, está o tipo de espécie para aquele contexto de ambiente urbano”, elenca a professora universitária.
Árvores x postes de fiação
Um dos principais conflitos das cidades é entre a fiação de energia elétrica e as árvores. A manutenção das linhas elétricas afeta o equilíbrio das plantas, o que pode levar à queda e ao adoecimento por conta de podas exageradas, drásticas ou inadequadas. Durante a entrevista, Patrícia Zandonade apresentou duas soluções:
- mudar a fiação de aérea para subterrânea, que é muito mais protegida, mais cara na implantação, mas que se paga com o tempo pela pouca vulnerabilidade e pela baixa necessidade de manutenção; e
- realizar um plano de arborização que leve em consideração o lugar em que já estão as fiações e onde as árvores podem estar, fazendo a compatibilização, já que normalmente a fiação dos postes está alinhada com as árvores da rua, que é a pior das situações, acompanhado de plantio de espécies adequadas ao lugar.
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